quarta-feira, abril 02, 2014

A coerência da lixeira


Que o ainda presidente da Comissão Europeia venha tarde e a más horas lançar uma suspeita sobre o ex-governador do Banco de Portugal, o tal que deixou passar debaixo do seu nariz os casos BPN e BPP, afirmando a propósito de coisa nenhuma e passados cerca de dez anos que o chamou 3 vezes para discutir o assunto, é de uma coerência exemplar: a coerência do oportunismo e da hipocrisia passa-culpas que o caracteriza. Uma coerência, aliás, que já manifestara ao afirmar que também avisara o actual primeiro-ministro para não ultrapassar certos limites na austeridade ou aquela com que afirmou há tempos que “sempre” entendeu que a nacionalização do BPN era uma decisão errada. Quem não o conheça que o compre.

Que o dito ex-governador do Banco de Portugal responda dizendo não se lembrar bem dessas reuniões e balbucie umas banalidades tais como afirmar que nunca então se falou de casos concretos de irregularidades nem ninguém lhe mostrou provas irrefutáveis sobre as fraudes em curso, é igualmente de uma grande coerência: a coerência da prosápia e da incompetência refastelada, as mesmas que demonstrou ad abundantiam aquando das audições parlamentares sobre o tema.

Que meia dúzia de teodoras saiam hoje a terreiro a defender o seu menino, que não senhor, sua excelência é de uma probidade e valência raras e que isto de o atacarem é uma maldade contra alguém a quem o país tanto deve, é outra forma de coerência: a coerência de clube ou de vizinhos de condomìnio, a mesma que explica que o consócio que matou o porteiro é uma pessoa bem educada que levava flores quando ia jantar lá em casa e até pedia licença para fumar um cigarro.

São todos tão coerentes que até metem nojo.

3 comentários:

  1. Infelizmente coerente é ainda que a incompetência por cá se premeia com gabinetes dourados em instituições internacionais.
    Assim fora já com o picareta falante Guterres...
    FRF

    ResponderEliminar
  2. Bento 201412:49 da tarde

    Depois de ex-responsáveis do BdP escrevem carta a defender Vítor Constâncio, pergunto quem quem tem medo?
    Convido um qualquer canal de televisão a solicitar um frente a frente entre Durão Barroso e Victor Constâncio. A carta, podem os subscritores para já guardá-la e deixar que os próprios se defendam, embora possam estes também estar presentes para assessorar. Iria ser bonito.

    ResponderEliminar
  3. É tão bom sabermos que não "estamos" sózinhos!

    ResponderEliminar