Há dias ouvi o ministro da Economia explicar
que seria institucionalmente solidário com a decisão que o governo viesse a
tomar relativamente ao IVA na restauração. Há tempos ouvira o mesmo Sr. Pires
de Lima defender quão importante seria baixar a respectiva taxa nesse sector de
23% para 13%. Bem como assisti ao discurso ‘animador’ de que a sua entrada no
governo representava um novo ciclo, assente no relançamento da economia.
Esta coisa de ter um discurso fora e ter um
discurso dentro que não se compatibilizam deixa-me perplexo. Das duas uma: ou há
quem opina sem conhecer os factos ou há quem mude de camisa em função da
cadeira. Não sei se ficar minoritário num Conselho de Ministros é razão
suficiente para se demitir, nomeadamente num caso como este, mas apesar da ‘elegância’
da justificação de há dias, com a invocação da dita solidariedade
institucional, não compro essa treta de ânimo leve e passo obviamente a
desconfiar da conversa dessa gente.
Quando se fala em restauração, há quem imagine
repastos em estabelecimentos de várias estrelas, bem regados e servidos. Mas a
realidade é que a esmagadora maioria das tascas, casas de pasto, snacks, cafés,
pizzarias, hamburgarias, pastelarias e outros restaurantes que servem refeições
servem-nas a clientes remediados que fizeram contas e concluiram que não lhes
compensa ir a casa à hora de almoço aquecer uma sopa ou cozer um arroz. Ora os
nossos governantes entendem que comer fora de casa é um luxo e que se justifica
pôr o fisco ao balcão a cobrar um dos quatro rissóis que o indígena encomende:
levasse marmita ou enganasse a fome numa feira erótica (onde o IVA é de 13%).
Dito isto, concluo que o Sr. Pires de Lima
integrou-se bem neste governo. Imagino que se sente ao lado do Sr. Machete. Por
solidariedade institucional? Não! Por solidariedade de colegas.
A Troika quer o défice nos 4,5% e não lhe interessa muito como se atinge esse valor. Cabe ao governo tomar s que segundo muitos economistas passa primeiro pelo IRC, depois pelo IRS e só depois pelo IVA. Portanto, a ausência de descida do IVA não é responsabilidade da Troika mas sim do Governo mesmo contrariando a vontadedo sr. Ministro
ResponderEliminarEm vez de 4,5%, leia-se 4,0% previstos (desejados) para 2014.
EliminarQuer isto dizer que o novo ministro da economia já está em funções?
ResponderEliminarDevo andar mesmo muito distraído...
Ab, FRF
Pois, eu também não dei conta que o novo ministro tivesse entrado em funções... Mas quem ainda se surpreende que haja um discurso antes e outro depois? Todos, mas mesmo todos e pergunto-me se qualquer um de nós um dia for parar às redes da governação (valham-me todos os santos, não!) não seremos picamos pelo mesmo vírus.
ResponderEliminarAgora há uma coisa diferente: quem tem aspirações à governação, como era previsível e mais do que provável o caso do Dr Pires de Lima, tem que ter tento na bola e cuidado com o que diz! Mas como é o próprio “patrão” do partido a não filtrar as gaffes que ele dá, tudo é permitido e tudo é de esperar. Daqui a pouco temos que fazer como Ulisses: amarrem-nos ao mastro do barco, não para resistirmos ao canto das sereias, que essas calaram-se há muito, mas para resistirmos de irmos às fuças de alguns senhores que se julgam acima de tudo e de todos.
Dixit!