quinta-feira, agosto 08, 2013

A trapalhada de Ribeiro e Castro (1)


O deputado Ribeiro e Castro assina hoje uma coluna no Público intitulada “A trapalhada dos mandatos”. Proponho-me demonstrar que o artigo do Sr. Ribeiro e Castro é uma trapalhada inesperada, vinda de alguém de quem me habituei a pensar que sabia pensar.

Mas vamos por partes. E a primeira parte é a declaração que aqui deixo de que considero este deputado um dos raros que na bancada do CDS mantém uma respeitável dose de corajosas independência e coerência. Já há tempos tive oportunidade de manifestar a minha admiração pela forma dedicada e profissional como também desempenhou o cargo de euro-deputado, ao arrepio do repimpanço generalizado dos portugueses que se sentam no hemiciclo da UE. E não esqueço o modo esforçado e sincero da sua breve presidência do partido que o tratou tão mal e ingratamente.

É óbvio que também não esqueço que do ponto de vista ideológico há, debaixo de algumas pontes, um oceano de águas agitadas que nos separam, bem como os tempos em que jovem estudante da Faculdade de Direito de Lisboa o José furava alegremente as greves às aulas, decretadas em protesto contra a presença dos gorilas e pides naquela escola. Mas águas passadas todos as temos, não é verdade?

Em resumo: o Sr. Ribeiro e Castro é alguém que merece ser escutado/lido e, se for caso disso, apoiado ou rebatido. É o que vou tentar fazer, com o respeito que a pessoa me merece.

 

 

3 comentários:

  1. Com a distância dos 17 a 19 anos de idade que então tinha, mantenho o maior orgulho em ter furado as greves às aulas em crises académicas da FDL nesse período (1970/73). Era preciso coragem para isso, uma vez que eu integrava uma pequena minoria que não se vergava ao ambiente de condicionamento e intimidação.
    Nunca fui bufo, ao contrário de outros que o foram. E fui sempre leal e frontal.
    Tive e tenho amigos do outro lado (como o Zé Lamego, baleado pela PIDE no ISCEF, ou o Chico Cunha Leal) ou colegas que respeito e com quem muito conversei e discuti (como o Zé Magalhães ou o Luís Sá, infelizmente já falecido). Assim como ultramarinos já falecidos, de que guardo saudade: o Renato Cardoso, de Cabo Verde, e o Muradali Mamudsen, de Moçambique.
    Mas pensava diferente; e fazia diferente.
    Então, a vida associativa na FDL (e na academia de Lisboa em geral) era dominada, de forma absolutamente tirânica e implacável, pelo esquerdismo mais extremista.
    E essas greves nada tinham a ver com o combate aos gorilas, que, aliás, só entraram na FDL depois de essas greves começarem. O combate aos gorilas passou a ser um pretexto ocasional.
    Essas greves eram a execução pré-determinada de propósitos de grupelhos esquerdistas que tomaram conta da vida associativa e desenvolviam os seus planos revolucionários, estando-se completamente nas tintas para os estudantes, a liberdade, ou a Universidade.
    Foram esses os mesmos que destruíram - literalmente destruíram! - a FDL, pouco depois do 25 de Abril. Com isso, desmantelaram uma boa escola científica (coisa que não ocorreu em Coimbra) e deram cabo da vida a muitos estudantes. E levou alguns anos a devolver àquela Faculdade outra vez um mínimo de estofo e de credibilidade.
    Foram esses mesmos esquerdistas que atacaram o primeiro comício da JC, no Teatro S. Luiz, em Lisboa, em 4 de Novembro de 1974, partindo logo a seguir, nessa noite, para a primeira destruição - digo bem, assalto e destruição! - da sede nacional do CDS, no Largo do Caldas.
    E foram esses mesmos esquerdistas que boicotaram o Congresso do Palácio de Cristal, em Janeiro de 1975, cercando durante horas a fio congressistas que apenas queriam discutir e trabalhar politicamente em liberdade.
    Sim, é verdade. Nesses tempos das "barricadas", eu estava do outro lado das barricadas. Não estava do lado desses grupelhos esquerdistas, extremistas e violentos. Sinto-me muito bem com isso.
    Os tempos, hoje, são outros. Mas as minhas memórias são boas.
    Com os melhores cumprimentos,

    José Ribeiro e Castro

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  2. Outra coisita ainda:

    Salvo o devido respeito, não me parece que tenha conseguido «demonstrar que o artigo do Sr. Ribeiro e Castro é uma trapalhada inesperada».

    Li os seus três 'posts' todos outra vez e não descortinei onde esteja essa demonstração.

    Mas, como lhe disse, tenho dois outros artigos a caminho sobre este mesmo tema. E o melhor mesmo é falarmos no fim.

    De novo os melhores cumprimentos,

    José Ribeiro e Castro

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  3. Aguardemos então os novos artigos do Ribeiro e Castro e, se a ocasião se apesentar, voltaremos depois à conversa.

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