Há uma segunda parte a que chamarei “declaração
de interesses”.
Trata-se de manifestar a opinião de que considero que a
ideia de limitar os mandatos dos presidentes de autarquias não é uma boa ideia.
Se é certo que ver à frente de certas Câmaras os mesmos Mesquitas/Filipes
durante décadas, mais a mais com cadáveres a abarrotarem todos os armários e
gavetas, causa uma náusea insuportável, todavia, daí a passar um atestado
paternalista de menoridade aos cidadãos eleitores é um passo que o legislador
devia abster-se de dar. Aliás, nas milhares de autarquias do país não abundam
talentos e disponibilidades que nos permitam deitar fora burocraticamente os
que deram provas de competência e dedicação à causa pública e às questões
locais. Por outro lado, o argumento das conivências e cumplicidades deve ser
matéria para a justiça sempre que se revelem ilegalidades e não é com passes de
mágica na secretaria que o sistema se credibiliza.
Enfim, e para me aproximar do osso, eu
preferiria mil vezes que a candidatura do Governo ao Porto, personificada no
autarca de Gaia, sofresse uma clara derrota nas urnas, para não ter de aturar
as carpideiras do PSD a dizerem que as impediram de mostrar o que valiam. Estou
aliás convencido que se o Constitucional confirmar a inelegibilidade dos
Seabras e consortes assistiremos ao triste e deplorável espectáculo de os
mesmos se manterem como segundos na mesma ou outra lista, numa espécie de
manguito à declarada legalidade. Como essa gente não tem vergonha na cara, não nos
iria poupar às cenas patéticas que já se congeminam.
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