É importante reflectir sobre aquilo que esteve subjacente à decisão de nacionalizar o BPN, para correctamente avaliar a bondade dessa decisão (exclusivamente política).
Disse ontem Alberto Martins, líder do grupo parlamentar do PS:
"O grupo parlamentar do PS considera prioritário o esclarecimento de toda a verdade, e de todos os factos, que conduziram à grave lesão do interesse nacional e que levaram à intervenção do Estado e à nacionalização do BPN",
Também Paulo Portas, na sua “inquirição” ao Governador do Banco de Portugal, afirma, aproximadamente, o seguinte:
“O BPN é um caso de polícia, e é por ser um caso de polícia que entendemos a solução drástica que foi tomada”.
Ambas as afirmações (a de Alberto Martins e a de Paulo Portas) são graves, pela concepção que revelam quanto à função das nacionalizações.
As nacionalizações que o mundo ocidental tolerou - e até promoveu - neste segundo semestre de 2008 têm como pano de fundo a crise (e não a fraude). Parece-me pois que, aproveitando o contexto da crise, foi utilizado de forma desvirtuada o conceito de nacionalização.
A nacionalização não é uma sanção. Não existe para sancionar prevaricadores. O governo e o legislador não podem assumir a função de juiz aplicador de penas, acabando com a imprescindível separação de poderes.
Não tem por isso sentido nenhum dizer que como havia irregularidades e fraudes está justificada a nacionalização...
O PS e Portas andam, assim, de braço dado num tema com uma invulgar relevância para definir o quadro programático e doutrinário de cada um.
A pergunta que, uma vez mais, fica por responder é se para Portas se trata de uma posição de convicção ou apenas de pura táctica política. É que a nacionalização do BPN pode ser comprometedora para o PSD. E perante isso, pode ser que Portas tenha optado, uma vez mais, por ser muito pragmático em vez de um pouco coerente.
Mas é por estas coisas que Paulo Portas é cada vez menos fiável e credível. E é também por coisas destas que o PP se vai tornando num partido incaracterístico, sem conteúdo programático, sem rumo doutrinário.
Curiosa essa sua observação depois da casa roubada trancas na porta...
ResponderEliminarPor acaso não se lembrou de perguntar onde parava a "polícia" de Constâncio e desse ministro das Finanças que até o Financial Times ter dito o óbvio, já a Direita ( certa direita que não suportava o ataque de Paulo Portas à ASAE e à acção fiscal do "Ditador" Macedo...), se tinha encarregue de o apodar do melhor membro deste governo...
Por acso o J. Anacoreta quer mesmo saber quem é que "estoirou" estes primeiros 1.000 milhões ( que já saíram da CGD, ou não lhe interessa saber isso?!
Que grande discussão bizantina a sua, querer entreter-se a comparar Alberto Martins a Paulo Portas!
Claro que percebi, que é nisso é que está a confiança do sistema democrático e o sossego da DIREITA...
Os 1.000 milhões que se lixem, basta o BCE emitir mais 2 mil milhões de notas de 500 euros e resolve-se o caso, não será assim?!
Talvez até dê mais postos de trabalho na sub-emptreitada à nossa Casa da Moeda...
Não se percebe a posição de Portas. Um partido de direita deveria ser contra a nacionalização (e a favor da investigação judicial)
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