Aqui há uns tempos, ia eu a pé não sei para onde, e eis senão quando sou interpelada do alto de um outdoor publicitário de uma paragem de autocarro sobre se achava que o D.Afonso Henriques tinha sido mau filho ou bom rei. Achei a pergunta um bocado estranha, embora convenhamos que aquela história de fechar a mãe no castelo de Lanhoso não tenha sido das mais felizes, é verdade, mas não interiorizei… Dias mais tarde, voltei a ver-me envolvida pela intensidade da dúvida que rodeia a personalidade do Infante D. Henrique: empenhado ou interesseiro? Aí não houve como fugir. Tive a certeza. O concurso dos Grandes Portugueses estava mesmo apostado em transformar as nossas personalidades históricas em seres com graves conflitos existenciais e problemas sérios de bipolaridade, mas só sexta feira é que tive a verdadeira noção do que se tratava, ao ler, a propósito de um abaixo assinado de vários historiadores contra o programa, que nenhum dos concorrentes finalistas tinha escapado a esta divisão esquizofrénica da personalidade, pelo que, o que havia, era que decidir alegremente entre ditadores e alienados, corsários e salvadores, torcionários e poetas, maus filhos e salvadores, sanguinários e descobridores, aventureiros e iluminados, para o lugar de maior português. Suspeito que nem desconfiaram que a partir destas características nem um português escorreito se conseguia, quanto mais um “grande” português! Mas podemos ficar descansados: “Só há lugar para um”! “Decida você!”
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