domingo, março 04, 2007

Paciência...

A candidatura de Portas, e principalmente os termos em que foi feita, faz com que passe a ser legítimo discutir abertamente as questões internas do CDS. A vontade de Paulo Portas em disputar a liderança em directas, quando elas tiverem lugar, transforma esta questão num tema de interesse geral, e em que – na minha opinião – é até saudável que tudo seja discutido abertamente.

Tenho também que dizer que não concordo com o Paulo Gorjão. Tenho e mantenho bons amigos com ideias políticas diferentes, noutros partidos e dentro do CDS. Nunca permiti que a diferença de opiniões afectasse o nosso relacionamento, e dou-me bem com essa escolha.

Uma dessas pessoas com quem me dou bem e que está agora no outro lado é o Diogo Feio. O Diogo é até um Nortadas!

Mas o Diogo hoje precipitou-se. Um take da Lusa diz assim:

Diogo Feio apelou hoje ao "bom-senso" da comissão política e do presidente do partido, defendendo a realização de eleições directas para resolver com "celeridade" a disputa da liderança do partido.

Parece-me que há duas coisas diferentes, que o Diogo mistura: as directas e a disputa da liderança.

É possível disputar a liderança, mas só é possível fazer directas depois de alterar os estatutos. E para alterar os estatutos é preciso fazer um congresso. Daqui resulta, com clareza mediana, que a forma mais rápida de resolver a disputa da liderança é em congresso. Também é possível em directas, mas leva mais tempo.

Ribeiro e Castro, já o disse, tanto vai a directas como a congresso. Parece que Paulo Portas tem medo do congresso, e só vai a directas. Tem de esperar então que o procedimento previsto nos estatutos seja cumprido. Aliás, é assim com qualquer militante.

Estas declarações do Diogo deixam-me perplexo. Demonstram que Portas tem medo do congresso, e que quer fugir à aplicação dos estatutos do partido que dirigiu durante anos.

Eu gosto de congressos. Por exemplo, em congresso os militantes podem intervir, exprimir a sua opinião e questionar directamente os candidatos. Permitem um debate muito rico! Foi num congresso assim que Ribeiro e Castro foi eleito.

Não aceito (adivinhando já o discurso que aí vem…) nenhuma subalternização das regras jurídicas ao imediatismo político. Esse tipo de soluções, de carácter prático e de atropelo às normas existentes, é perigoso. Eu sei que hoje em dia é moda, o pragmatismo. Mas as regras não são descartáveis. Admito que seja uma discussão que se pode ter, essa da natureza e utilidade das normas jurídicas. Permitirá até concluir que porventura temos noções de Estado de Direito diferentes…

Um dia destes vou explicar, passo a passo mas sinteticamente, qual o mecanismo electivo das directas. Vamos ficar a perceber muita coisa…

Um abraço para todos os que tiverem paciência para ler este post e, se for o caso, um especial para o Diogo.

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