Não fazia ideia que Sócrates já tinha apresentado o governo, mas se o soubesse mantinha o programa de final de tarde. Ir comprar uns livros, aproveitando um tempo livre, coisa rara nos últimos meses. E assim mantive o programa e lá comprei uns livritos. Cada um como seu propósito:
- O Aniversário de Astérix e Obélix para puro prazer infantil (meu)
- Uma questão de carácter de Rui Moreira para reforço do carácter próprio e alheio
- O mar em Casablanca de Francisco José Viegas para acompanhar as aventuras do detective Jaime Ramos
- E Caim de José Saramago para poder criticar com conhecimento de causa e contribuir desde já com uns trocos para o senhor apanhar o próximo avião que o leve até à sua Pilar e deixe de dar conferências de imprensa.
Tenho dito.
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quinta-feira, outubro 22, 2009
domingo, setembro 13, 2009
Crepúsculo
Já tinha ouvido falar, mas não prestei atenção. Só neste fim de semana é que o fenómeno Crepúsculo me atingiu com toda a intensidade, quando me entraram casa dentro, os dois primeiros volumes da saga, pelos vistos já adaptado ao cinema, e em vias de continuação, pela mão entusiasmada da minha filha adolescente. Acabei de ler o primeiro volume, e estou agora em estado de choque a digerir o espanto que tive ao saber que se trata de um bestseller do New York Times, melhor Livro do Ano do Publishers Weekly e Best Book of the Decade da Amazon, e que já vendeu mais de quarenta milhões de cópias…
Basicamente a história é esta: uma jovem adolescente muda com os pais para uma cidade interior dos EUA, apaixona-se por um colega-de-escola-vampiro, inicia uma relação amorosa de "risco" (a versão vampiresca das Dangerous Liaisons do Frears), é atacada por um vampiro sem escrupulos que se enebria com o seu cheiro, e é finalmente salva pelo namorado vampiro, que desenvolvendo um esforço sobre humano (ou sobre-lobo, nem sei bem) para não se entusiasmar, e dar uma mordidelinha a mais (porque, e esclareço, pág. 399, “quando provamos o sangue ou simplesmente sentimos o seu cheiro, torna-se muito difícil abstermo-nos de nos alimentarmos”), suga a mordedura fatal do seu rival, retirando o veneno da mão de Bella, evitando assim a sua transformação num predador igual a ele....
Bem. Só lhes digo que é caso para dizer AÚÚÚÚÚ….
Basicamente a história é esta: uma jovem adolescente muda com os pais para uma cidade interior dos EUA, apaixona-se por um colega-de-escola-vampiro, inicia uma relação amorosa de "risco" (a versão vampiresca das Dangerous Liaisons do Frears), é atacada por um vampiro sem escrupulos que se enebria com o seu cheiro, e é finalmente salva pelo namorado vampiro, que desenvolvendo um esforço sobre humano (ou sobre-lobo, nem sei bem) para não se entusiasmar, e dar uma mordidelinha a mais (porque, e esclareço, pág. 399, “quando provamos o sangue ou simplesmente sentimos o seu cheiro, torna-se muito difícil abstermo-nos de nos alimentarmos”), suga a mordedura fatal do seu rival, retirando o veneno da mão de Bella, evitando assim a sua transformação num predador igual a ele....
Bem. Só lhes digo que é caso para dizer AÚÚÚÚÚ….
quarta-feira, novembro 14, 2007
Pág. 161, linha 5
A seguir ao João, é agora a minha vez de cumprir o desafio que me fizeram do Cachimbo de Magritte. É um desafio muito engraçado, mas tem que se lhe diga, porque nem sempre a página 161 dos livros, e a sua linha nº5, inspira particularmente os autores. É pena, deviam parar exactamente por aí, reflectir, fazer uma afirmação profundamente inflamada e poética, para só então seguir em frente, mas a maioria parece não querer colaborar com o “desafio” :-)
O livro que eu estou a ler – reler – chama-se Flatland, é escrito por Edwin Abbott (Assírio e Alvim) e conta a história da Flatland, uma terra que é habitada por linhas rectas, triângulos, quadrados, pentágonos, hexágonos e outras figuras, que se movimentam livremente ao longo da superfície da terra sem que a sua forma seja reconhecida pelos outros habitantes que as vêm como os marinheiros vêm a linha do horizonte, isto é, como linhas rectas desprovidas de qualquer dimensão e de volume (como se fossem moedas pousadas numa mesa e vistas à altura da borda da mesa). O livro arriscava-se a não ter graça nenhuma se não fosse o facto de, a certa altura, um desconhecido vir buscar um dos habitantes da Flatland para lhe mostrar outras dimensões do seu mundo. Eleva-o acima da terra, até à Spaceland, e deixa-o ver a partir daí a configuração dos objectos de que só conhece a aresta visível (permitindo-lhe a identificação de uma segunda dimensão, e a percepção de que se trata de círculos, de triângulos e de rectângulos) ensinando-lhe depois o conceito de volume (mostra-lhe que pode haver cubos além de quadrados, isto é, uma terceira dimensão). Ora, a partir da revelação desta verdade, de regresso à Flatland, instala-se o caos nesta terra sem dimensões. Como grande parte dos desencontros na vida decorrem do uso de diferentes perspectivas e escalas, e como os habitantes da Flatland só têm uma perspectiva dos objectos, a que os leva a vê-los na sua dimensão plana, não aceitam o “evangelho da terceira dimensão”, e o habitante visionário da Flatland é preso. Gosto muito deste livro porque nos dá uma explicação bastante imaginativa daquilo em que assenta a intolerância, a incapacidade de se ir para além da visão das coisas a "uma dimensão", que é quase sempre a mais pobre, a mais mesquinha e a que abre menos horizontes, mas que é inevitavelmente a que condena mais depressa o que usa outras escalas, vê a mais cores, ou alcança a segunda e a terceira dimensão. O que é certo é que este livro não tem página 161. Acaba na pág. 150. Por isso, calculo que não sirva.
O outro livro que estou a ler – intermitentemente - é a Ronda da Noite da Agustina. Sou uma grande admiradora da Agustina porque a acho uma alma inquieta, curiosa, profundamente conhecedora do espírito humano, e que é capaz de apanhar no ar as principais características de certas maneiras de ser para criar protótipos, categorias de pessoas, algumas das quais nos são profundamente familiares. Mas a página 161 da Ronda da Noite acaba por ser uma profunda desilusão. Não serve.
A partir daqui passei a usar um método mais sistemático. Abri o “Deus das pequenas coisas” do Arundhati Roy, na pág. 161 a ver o que por lá se dizia, e na quarta e na quinta linha, no meio do que também considero ser uma página relativamente banal, encontrei uma afirmação que me disse bastante: “E uma vez mais, só as pequenas coisas foram ditas. As grandes coisas permaneceram lá dentro por dizer”. O que acontece tantas vezes. Por distracção, por medo, porque as grandes coisas expõem e mexem connosco, porque não nos permitem ficar indiferentes ou com o dia intacto, porque exigem palavras estranhas, porque podem criar mal estar ou exigir afastamentos, porque obrigam a enfrentar o que nos vai por dentro que é sempre muito difícil. Já deixei coisas grandes por dizer, mas intuo que também já mas deveram e não mas disseram. Em todo o caso, a frase também tem outro sentido, e esse é em louvor das pequenas coisas. É que nelas vai muitas vezes contida toda a verdade das grandes e, por isso, estas acabam por ser mais ou menos dispensáveis.
Adorei fazer isto, e continuava, mas acho que cumpri o desafio. Cabe-me agradecê-lo ao Gonçalo Moita, e passar a pasta a mais três bloggers. Pensei em desafiar o Filipe Anacoreta do Cachimbo de Magritte, o Zé Maria Brito s.j, do Optimista por Opção, e o Ventanias cá da casa...
O livro que eu estou a ler – reler – chama-se Flatland, é escrito por Edwin Abbott (Assírio e Alvim) e conta a história da Flatland, uma terra que é habitada por linhas rectas, triângulos, quadrados, pentágonos, hexágonos e outras figuras, que se movimentam livremente ao longo da superfície da terra sem que a sua forma seja reconhecida pelos outros habitantes que as vêm como os marinheiros vêm a linha do horizonte, isto é, como linhas rectas desprovidas de qualquer dimensão e de volume (como se fossem moedas pousadas numa mesa e vistas à altura da borda da mesa). O livro arriscava-se a não ter graça nenhuma se não fosse o facto de, a certa altura, um desconhecido vir buscar um dos habitantes da Flatland para lhe mostrar outras dimensões do seu mundo. Eleva-o acima da terra, até à Spaceland, e deixa-o ver a partir daí a configuração dos objectos de que só conhece a aresta visível (permitindo-lhe a identificação de uma segunda dimensão, e a percepção de que se trata de círculos, de triângulos e de rectângulos) ensinando-lhe depois o conceito de volume (mostra-lhe que pode haver cubos além de quadrados, isto é, uma terceira dimensão). Ora, a partir da revelação desta verdade, de regresso à Flatland, instala-se o caos nesta terra sem dimensões. Como grande parte dos desencontros na vida decorrem do uso de diferentes perspectivas e escalas, e como os habitantes da Flatland só têm uma perspectiva dos objectos, a que os leva a vê-los na sua dimensão plana, não aceitam o “evangelho da terceira dimensão”, e o habitante visionário da Flatland é preso. Gosto muito deste livro porque nos dá uma explicação bastante imaginativa daquilo em que assenta a intolerância, a incapacidade de se ir para além da visão das coisas a "uma dimensão", que é quase sempre a mais pobre, a mais mesquinha e a que abre menos horizontes, mas que é inevitavelmente a que condena mais depressa o que usa outras escalas, vê a mais cores, ou alcança a segunda e a terceira dimensão. O que é certo é que este livro não tem página 161. Acaba na pág. 150. Por isso, calculo que não sirva.
O outro livro que estou a ler – intermitentemente - é a Ronda da Noite da Agustina. Sou uma grande admiradora da Agustina porque a acho uma alma inquieta, curiosa, profundamente conhecedora do espírito humano, e que é capaz de apanhar no ar as principais características de certas maneiras de ser para criar protótipos, categorias de pessoas, algumas das quais nos são profundamente familiares. Mas a página 161 da Ronda da Noite acaba por ser uma profunda desilusão. Não serve.
A partir daqui passei a usar um método mais sistemático. Abri o “Deus das pequenas coisas” do Arundhati Roy, na pág. 161 a ver o que por lá se dizia, e na quarta e na quinta linha, no meio do que também considero ser uma página relativamente banal, encontrei uma afirmação que me disse bastante: “E uma vez mais, só as pequenas coisas foram ditas. As grandes coisas permaneceram lá dentro por dizer”. O que acontece tantas vezes. Por distracção, por medo, porque as grandes coisas expõem e mexem connosco, porque não nos permitem ficar indiferentes ou com o dia intacto, porque exigem palavras estranhas, porque podem criar mal estar ou exigir afastamentos, porque obrigam a enfrentar o que nos vai por dentro que é sempre muito difícil. Já deixei coisas grandes por dizer, mas intuo que também já mas deveram e não mas disseram. Em todo o caso, a frase também tem outro sentido, e esse é em louvor das pequenas coisas. É que nelas vai muitas vezes contida toda a verdade das grandes e, por isso, estas acabam por ser mais ou menos dispensáveis.
Adorei fazer isto, e continuava, mas acho que cumpri o desafio. Cabe-me agradecê-lo ao Gonçalo Moita, e passar a pasta a mais três bloggers. Pensei em desafiar o Filipe Anacoreta do Cachimbo de Magritte, o Zé Maria Brito s.j, do Optimista por Opção, e o Ventanias cá da casa...
Pág. 161
O Gonçalo Moita, do Cachimbo de Magritte, lançou um interessante desafio.
Tenho sempre vários livros de cabeceira, que vou lendo ao mesmo tempo. Trouxe os que tenho em “actividade” para junto do computador, para ver o que diz a pág. 161.
Comprei ontem mesmo o “Cesário Verde – um génio ignorado” da M. Filomena Mónica, e que já comecei a ler. É o género de “leitura ligeira”, e direi mesmo breve: o livro acaba na pág. 150!
Também vou lendo “O meu nome é Legião” do António Lobo Antunes. A pág. 161 não tem especial interesse, e naquela torrente de ideias, de discurso directo e indirecto etc. pouco se perceberia da citação.
Comecei há dias “Descascando a cebola” de Gunter Grass. Como ainda não cheguei à pág. 161, não consigo contextualizar o que consta da linha 5 (ou até em todo o parágrafo...).
Por fim, e como introdução, tenho seguido com interesse a discussão que vai por esse mundo fora entre o criacionismo e o evolucionismo, como explicações para a origem do Mundo ou do Homem. E foi neste contexto que comprei “O pecado de Darwin”, de John Darnton. É um romance que se afirma baseado em documentos históricos, vencedor do Prémio Pulitzer. Na pág. 161 há um diálogo entre King e Charles Darwin. E diz King:
“- Quem é você, na verdade, ao lado do nobre romano, do douto grego, e até... ouso dizê-lo..., do nobre selvagem deste continente? – prosseguiu King – Só porque dominou a máquina a vapor... um pedaço de metal que empurra outros pedaços de metal... pensa que ganhou o direito a governar todo o mundo. Convenceu-se de que está sentado no topo da maldita pirâmide e não faz a menor ideia de quem a construiu, ou porquê.”
Passo agora a bola ao Rogério Gomes do Bússula (sempre apontada ao Norte), ao Gabriel Silva do Blasfémias, e ao Tiago Fernandes do Baixa do Porto. Com um abraço!
Tenho sempre vários livros de cabeceira, que vou lendo ao mesmo tempo. Trouxe os que tenho em “actividade” para junto do computador, para ver o que diz a pág. 161.
Comprei ontem mesmo o “Cesário Verde – um génio ignorado” da M. Filomena Mónica, e que já comecei a ler. É o género de “leitura ligeira”, e direi mesmo breve: o livro acaba na pág. 150!
Também vou lendo “O meu nome é Legião” do António Lobo Antunes. A pág. 161 não tem especial interesse, e naquela torrente de ideias, de discurso directo e indirecto etc. pouco se perceberia da citação.
Comecei há dias “Descascando a cebola” de Gunter Grass. Como ainda não cheguei à pág. 161, não consigo contextualizar o que consta da linha 5 (ou até em todo o parágrafo...).
Por fim, e como introdução, tenho seguido com interesse a discussão que vai por esse mundo fora entre o criacionismo e o evolucionismo, como explicações para a origem do Mundo ou do Homem. E foi neste contexto que comprei “O pecado de Darwin”, de John Darnton. É um romance que se afirma baseado em documentos históricos, vencedor do Prémio Pulitzer. Na pág. 161 há um diálogo entre King e Charles Darwin. E diz King:
“- Quem é você, na verdade, ao lado do nobre romano, do douto grego, e até... ouso dizê-lo..., do nobre selvagem deste continente? – prosseguiu King – Só porque dominou a máquina a vapor... um pedaço de metal que empurra outros pedaços de metal... pensa que ganhou o direito a governar todo o mundo. Convenceu-se de que está sentado no topo da maldita pirâmide e não faz a menor ideia de quem a construiu, ou porquê.”
Passo agora a bola ao Rogério Gomes do Bússula (sempre apontada ao Norte), ao Gabriel Silva do Blasfémias, e ao Tiago Fernandes do Baixa do Porto. Com um abraço!
Palavras chave:
jac,
livros,
notas pessoais não digitalizadas
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