Amanhã, Sábado
25, reune-se a Comissão Política Nacional do CDS.
Consta que é para
analisarem a proposta de orçamento já aprovada pelo governo de que aliás fazem
parte. Assim sendo, o que vão lá fazer os comissários que aparecerem? Provavelmente
debitar umas vacuidades do género “podia ser pior” ou “é melhor alguma coisa do
que nada”.
Não há novidade
nisto. O partido do irrevogável já nos habituou ao pisca-pisca que aponta para
o lado contrário daquele para onde vira. O vermelho das linhas inultrapassáveis
desbotou e fica-se pelo discurso do soldadinho disciplinado que mete a viola no
saco depois de cantar um fado corridinho nas tabernas do bairro. Ou então
encenam o “agarrem-me que senão eu bato-lhe”, pensando que o pagode vibra com o
melodrama e não se dando conta do enorme e irónico bocejo que percorre toda a
plateia.
Esta história do “Quem?
Eu? Foi o outro” já cansa. E entretanto servem de colchão a este orçamento
hermafrodita, excitados com a dupla sexualidade do bicho, uma confusão de tira
aqui e põe ali, e ora diga lá onde está a bolinha escondida, debaixo de que
copo. O apostador perde sempre, claro. O apostador somos nós, cidadãos
aparvalhados com aquele jogo de mãos, crédulos na primeira impressão e
desprevenidos, a tirar conclusões antes de bem verificar os dois lados da questão.
É macho ou fêmea? Nem um nem outro: é hermafrodita. Irra! E há quem goste? Pelos
vistos...
Nota: fotos da escultura romana do séc. II, exposta no Museu do Louvre, Paris ('O hermafrodita adormecido')
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