Consta que em
recente entrevista a uma televisão, o advogado Miguel Júdice anunciou o seu
apoio a António Costa.
Esta esperteza de
um dos advogados que mais dorme com o poder e com o Estado, seja este qual for,
faz-me lembrar aquela história divertida contada pelo historiador romano
Macrobius sobre Octávio César, mais tarde imperador Augusto, quando este
regressava da sua vitória sobre Marco António (e as forças de Cleópatra) na
batalha de Actium no ano 31 AC.
Octávio cruzou-se
na estrada com um homem que segurava um corvo/papagaio domesticado o qual saudava:
“ Salvé o nosso César, o nosso comandante vitorioso”.
Octávio ficou tão
impressionado que logo ali decidiu dar ao homem 20 mil sestércios de prémio. O
problema é que o domesticador tinha um sócio que, não tendo recebido a parte do
prémio a que se julgava com direito, foi ter com Octávio e sugeriu-lhe que este
exigisse conhecer o outro corvo a que também tinham ensinado a saudar o Marco
António, just in case.
Octávio achou
graça ao assunto mas, excepcionalmente, não reagiu com violência embora tenha
obrigado o primeiro a repartir o prémio com o segundo.
Estes escritórios
de advogados não precisam de ensinar corvos. Eles próprios se assumem como
papagaios a saudar o poder que julgam despontar ao longe na estrada, cientes de
que a seu tempo haverá retorno de sestércios. E revelam outra coisa: é que, de
facto, seja um Passos ou um Costa que assuma o poder, a dinâmica do regime
mantém-se pois nada muda e as conivências sucedem-se. Salvé César!
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