domingo, outubro 26, 2014

A bravata engravatada dos novos corvos velhos


Consta que em recente entrevista a uma televisão, o advogado Miguel Júdice anunciou o seu apoio a António Costa.
Esta esperteza de um dos advogados que mais dorme com o poder e com o Estado, seja este qual for, faz-me lembrar aquela história divertida contada pelo historiador romano Macrobius sobre Octávio César, mais tarde imperador Augusto, quando este regressava da sua vitória sobre Marco António (e as forças de Cleópatra) na batalha de Actium no ano 31 AC.

Octávio cruzou-se na estrada com um homem que segurava um corvo/papagaio domesticado o qual saudava: “ Salvé o nosso César, o nosso comandante vitorioso”.
Octávio ficou tão impressionado que logo ali decidiu dar ao homem 20 mil sestércios de prémio. O problema é que o domesticador tinha um sócio que, não tendo recebido a parte do prémio a que se julgava com direito, foi ter com Octávio e sugeriu-lhe que este exigisse conhecer o outro corvo a que também tinham ensinado a saudar o Marco António, just in case.

Octávio achou graça ao assunto mas, excepcionalmente, não reagiu com violência embora tenha obrigado o primeiro a repartir o prémio com o segundo.

Estes escritórios de advogados não precisam de ensinar corvos. Eles próprios se assumem como papagaios a saudar o poder que julgam despontar ao longe na estrada, cientes de que a seu tempo haverá retorno de sestércios. E revelam outra coisa: é que, de facto, seja um Passos ou um Costa que assuma o poder, a dinâmica do regime mantém-se pois nada muda e as conivências sucedem-se. Salvé César!


Sem comentários:

Enviar um comentário