Os nossos órgãos de soberania viveram um fim-de-semana cheio de emoções. Com directos nas tv’s para emoção também do pessoal.
Sexta tivemos o anúncio do TC (às 21h00, casualmente, pois que o TC não é influenciável), seguido de patéticas declarações do seu presidente e de um duro comunicado do PSD.
Ouvidas as conclusões do TC, decidi não perder um segundo sequer com a leitura da sua decisão. Já tinha lido o do ano passado e chegou para perceber que o problema não estava na constituição, mas tão só na cabeça dos julgadores (todos eles funcionários públicos) do TC. Não me surpreendeu, pois, que tivessem mantido a anterior orientação.
Sábado foi dia de concelho de ministros, com comunicado a discordar com dureza da decisão do TC e a anunciar a ida do PM ao PR (ainda receei que lhe fosse apresentar a demissão, mas quando vi que ia acompanhado do Gaspar, sosseguei), seguido de comunicado de apoio do PR e anúncio de comunicação do PM para as 18h30 do dia seguinte.
Domingo, exactamente às 18h30, disse então o PM que, embora os ecos das inconstitucionalidades apontassem para compensar os cortes (temporários) pela (igualitária) via fiscal, a economia não aguentava mais impostos, pelo que continuaria ao leme mas alivaria a carga do navio para que este fosse capaz de atravessar a tormenta até chegar a bom porto.
É caso para dizer que há males que vêm por bem…
A ver vamos se o saberão fazer. E se terão força para o fazer.
Para Segunda ficou o trágico ponto de rebuçado. Como é que aquela criatura tem a ousadia de debitar (será eco?) uma gigantesca vaga de lugares comuns até à exaustão? “Acabar com a austeridade” é a palavra passe a que continua a faltar sem um corar de vergonha a senha cunhada que nos diga como é que isso se faz. Definitivamente, o homem que não pegou a reboque também não vai lá ao empurrão. O País poderá um dia destes acolher um líder de plástico contrafeito em vão de escada? Seguramente não tem crédito na banca, rota ou inteira. Não tarda estamos a comer constituições ao pequeno almoço e sobras no dia seguinte.
ResponderEliminarPara me tranquilizar, nestes tempos tão traumáticos, nada como verificar que há coisas que nunca mudam.
ResponderEliminarÉ apenas por isso (e, concedo, para ler os esporádicos escritos inteligentes do "douro") que eu ainda me dou ao trabalho de vir a este blog e a ler as alarvidades escritas pela maioria dos seus escribas.
Obrigado e continuem assim, pois, desde que deixei definitivamente de ter estômago para ir ao vomitório "blasfémias", só me resta mesmo o "nortadas" para me consolar com a constatação que ainda há muitos, muito mais burros que eu (e é difícil).
Bem hajam.
AM
Por fala em asnos:
ResponderEliminarMerco besta corrida por meio saldo de mula manca
A arrastar o estribo albarda caída de cilha folgada
Ossada bicuda a furar a pele traseira toda empenada
Cabresto aos nós corda roída que os abanos desanca
Moscas no lombo prontas ao ninho atrás das orelhas
Aos solavancos soltando sonoros imundos a cada patada
Cascos moídos feitos em farelo sem cangalha amarrada
Lá vai ruminando a palha curtida de gastas gorpelhas.
Pelo sumido ensebado basta ajeitar-lhe os sarilhos
Rebarbar-lhe os cascos para lhe calçar uns meotes
Que de crinas assoveladas ensaia logo uns pinotes
No arrasto do chocalho o estafermo foge aos trilhos
Dente arreganhado cor de feno cata-vento no roncar
O fedor podre que expele de tanta névoa nem cheirá-lo
Não nos contam os arreios se é burro mula ou cavalo
Mas tem qualquer ferradura pronto coice para dar