terça-feira, outubro 25, 2011

Detergentes pouco ecológicos

Muita gente concorda que os líderes europeus não têm estado à altura da situação.
Mas esta história dos líderes europeus está a transformar-se numa abstração. A categoria “líderes europeus” é o outro, um outro. E dela se escapulem prazenteiramente os que o foram, pois acham que o caso apenas diz respeito aos que agora lá estão. Veja-se a forma como o nosso Presidente ralha aos ventos: ele, que teve assento durante uma década no Conselho Europeu, é rápido a apontar o dedo, achando que esta situação caiu do céu e que ele não tem nada a ver com a arquitectura monetária europeia de que é co-autor pelos diferentes tratados que negociou e assinou.

O mesmo se diga dos sucessivos primeiros-ministros que de Soares a Sócrates incensaram o tratado de Lisboa, aplaudiram o tratado de Nice, concluiram o de Amesterdão e festejaram o de Maastricht, mas ajudaram a aumentar os problemas com as respectivas políticas esbanjadoras. Todos falam na irresponsabilidade do tal “outro”, enquanto tiram as castanhas do lume. Seria igualmente importante que o nosso Primeiro-Ministro também não se pônha fora da carroça, ou será que ele pensa que não é um líder europeu?

Pela mesma ordem de razões, tenho uma imensa dificuldade em ouvir o Presidente da Comissão apelar à responsabilidade dos “líderes europeus”. Em que cacifo se arruma ele? Qual foi ou é o seu plano para a saída da crise? Quando a Alemanha e a França sabotaram o Pacto de Estabilidade, estaria ele de baixa?

E tudo assim se afunila na Sra. Merkel, como se esse afunilamento também fosse obra do Espírito Santo (não menciono o Sr. Sarkozy pois o seu papel de “supporting actor” não o diferencia suficientemente dos outros figurantes). As reuniões de amanhã já nem sequer são verdadeiramente convocadas pelo Presidente Van Rompuy, mas pela Chanceler, assim como o “plano” a aprovar será aquele que apenas o parlamento alemão ontem discutiu.

Enfim...o "outro" que apague a luz.

Sem comentários:

Enviar um comentário