É minha opinião de há vários anos, contra todos os muitos amigos que trabalham em bancos portugueses, que em Portugal houve uma bolha imobiliária. Bolha essa que os bancos promoveram, alegremente e com protecção das autoridades monetárias, em especial o Banco de Portugal.
Obviamente, como não somos espanhóis nem pegamos os touros em pontas, a nossa bolha foi lenta: inchou lentamente enquanto os bancos aumentavam os seus lucros e as benesses dos seus administradores e agora desincha lentamente enquanto os bancos protegem os seus administradores e se precavêm para a falta de lucros dos próximos tempos.
E então, perguntais intrigados (imagino eu, na minha solidão de escritor)?
Então, nesta estória como em todas, o problema é que há um mexilhão...
O mexilhão aqui são os desgraçados que, por falta de informação na maior parte dos casos, compraram casas que agora não conseguem pagar.
E lixa-se, o mexilhão, porque não lhe basta entregar a casa para o banco se bastar com a "garantia" do seu crédito. Bem pelo contrário...
Os bancos que venderam crédito ao desbarato e assim contribuíram para o exagero a que chegou a nossa dívida externa, também promoveram avaliações das casas que os portugueses compraram e que lhes permitiram emprestar sem problemas de maior.
Agora, quando os portugueses que não conseguem pagar entregam as casas, os bancos promovem novas avaliações. Desta vez muito mais baixas. Oh surpresa! O desgraçado que ficou sem casa, nem sequer fica com a dívida paga... Tudo aquilo que não ficar pago com a nova avaliação da casa, que o banco vende a quem der mais mesmo que seja pouco, fica a cargo do desgraçado que não conseguiu pagar.
Esta situação, além de injusta, é imoral.
Os bancos sabiam que eram gestores de risco. Promoveram-se como tal e nessa medida são co-responsáveis da situação actual no Ocidente. Não podem ser os incautos e mal informados compradores a pagar o preço da incúria bancária.
É urgente alterar a lei e impor como única garantia do crédito hipotecário a própria casa. Porque é justo e moralizador. Mas sobretudo porque de outro modo está-se a permitir que os bancos possam ser especuladores imobiliários, inchando as bolhas quando lhes dá jeito e desinchando quando é mais prejudicial (pró-cíclicos).
Alguém com poder que olhe para isto!!!
Em Espanha já foram proferidas várias decisões favoráveis aos "devedores", está para breve uma decisão final. Os bancos com a cobertura do Estado há muito que se tornaram em agências de agiotagem legalizadas, e de colarinho branco.
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