terça-feira, setembro 27, 2011

Contra a corrente, permitam-me.

Estou cansado de ouvir e de ler todos os ataques que, de há muito, são lançados contra a senhora Merkel, como se ela fosse a mãe de todos os nossos males e de todas as maleitas europeias, assim como me fatigam os suspiros de pré-alívio, com que normalmente se sufixam tais ataques, e unanimemente lhe prescrevem uma estrondosa derrota eleitoral que a sacudirá violentamente da cadeira de chanceler e, assim dela libertados, a Europa e o país poderão de novo respirar.

E tudo o que ouço e leio neste sentido não tem a mínima correspondência no que leio e ouço à dita senhora, nem nesta consigo vislumbrar as malévolas e obscuras intenções que a nossa opinião publicada, sistematicamente e em crescendo, lhe vem atribuindo.

A agressividade de Manuel António Pina, que acabei de ler no JN de hoje e que chega ao ponto de lhe atribuir a maquiavélica intenção de querer conseguir com os juros o que a Alemanha não conseguira antes com os panzer, foi a gota de água que me fez vir aqui teclar.

Na verdade, tudo quanto sinto é apenas que, no meio de uma Europa semi conformada, semi estonteada, e quase incapaz de reagir, a senhora Merkel é a única que, mantendo ideias claras e cabeça erguida, está a lutar em defesa do €uro.

Ao fazê-lo a todo o custo, inclusive para os alemães e para si própria, está ainda a defender a Europa, pois de há muito que ela percebeu que a queda do €uro acarretará consigo a da União Europeia.

Fá-lo ainda em defesa da Europa porque ela bem sabe que este espaço de união, se em queda, só poderá ser ocupado pelas funestas rivalidades dos seus sempre latentes nacionalismos, que aliás já nos vão espreitando.

Por muito politicamente incorrecto que possa parecer, ou mesmo estar a ser, do que peço desculpa, é como a vejo e fico feliz por saber que nem os políticos nem os comentaristas nacionais, que se continuam a reproduzir como coelhos, irão votar nas eleições alemãs, não sendo também líquido para mim que estas lhe venham a retirar a chancelaria.

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