quarta-feira, setembro 28, 2011

Pedro Lomba e a Palestina


Gosto de ler o Pedro Lomba.
No outro dia escreveu sobre o pedido palestiniano de adesão à ONU e exprimiu, fundamentando, a sua opinião de que se trata de uma mera manobra politiqueira de Abbas, a aproveitar uma fase de isolamento de Israel, e que o que é preciso é sentarem-se à mesa das negociações sem condições pré-definidas.

Se não me engano, a única condição que a Autoridade Palestiniana coloca para encetar negociações é o imediato congelamento de novas colónias israelitas nos territórios ocupados. As outras exigências ( fronteiras, Jerusalém leste, regresso dos palestinianos, etc.) são posições de partida e portanto objecto de negociação. É evidente que, por exemplo, o regresso de palestinianos é assunto que tem de ser matizado e que os próprios palestinianos terão cedo ou tarde de o moldar à realidade.

O anúncio feito poucas horas depois do discurso do primeiro-ministro israelita na ONU de que não só continuarão a criar novos colonatos nos territórios ocupados como também irão construir de imediato 1100 novos alojamentos para judeus em Gilo/Jerusalém-leste é uma bofetada nos que, como o Pedro Lomba, honestamente desconfiam da boa-fé palestiniana e ainda acreditam na bondade do actual governo israelita.

A administração Obama diz-se decepcionada com aquela decisão dos novos 1100 alojamentos, a baronesa Ashton também lamenta e a França pede a Israel que reconsidere. Há anos que se decepcionam, se lamentam e pedem que os israelitas reconsiderem. Até o dito “Quarteto”, no qual tem assento um Tony Blair invisível, acordou da sua letargia e estabeleceu um enésimo calendário para demonstrar que serve para alguma coisa. O “nosso” Portas também criticou, mas consegue a pirueta de afirmar que só apoiará a melhoria do estatuto palestiniano se se encetarem negociações, que obviamente face à decisão dos 1100 mais comprometidas ficam.

Tenho o Pedro Lomba por pessoa inteligente e séria e imagino que esteja agora a roer as unhas ao saber que o Governo israelita adoptou entretanto um tal “gesto de boa vontade”.
Chega um tempo em que a honestidade de julgamento se pode transformar em ingenuidade, mas quero crer que um Lomba vale mais que um Portas.

3 comentários:

  1. Não conheço nem tive a oportunidade de ler o artigo de Pedro Lomba que refere.
    Mas conheço um pouco o problema em torno do conflito israelo-palestiniano.
    Acredito que Pedro Lomba seja uma pessoa honesta e interessada.Mas o argumento que ele avança e que o Douro refere no seu comentário é precisamente o argumento recente avançado pela "hasbara" israelita para uma opinião pouco informada. O que me faz pensar que Pedro Lomba,conhecedor do debate como parece ser, ao reproduzir o argumento sabe que está a reproduzir "propaganda" da última hora . E decide fazê-lo . Por razões que são só por ele conhecidas.

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  2. Bondade do actual governo israelita? Ah, ah, ah, ah. Foi a melhor da semana. Ernesto

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  3. Bondade do actual governo israelita? Ah, ah, ah, ah. Foi a melhor da semana. Ernesto

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