segunda-feira, setembro 19, 2011

Conversa de garotos


Falam nos custos das indemnizações e em pressões de Madrid e de Bruxelas para justificar que o TGV Poceirão-Caia afinal é para avançar. Ora tudo isso tem de ser muito bem explicadinho, designadamente sobre as razões que os impediam anteriormente de conhecer essas condicionantes.

Em Outubro de 2008, a editora Almedina publicou um texto do Prof. Manuel Porto (“O ordenamento do território num mundo de exigência crescente – das ambições do PNPOT à contradição de investimentos em vias de concretização”)
que me ajudou a compreender o erro histórico do traçado do TGV Lisboa-Madrid e sobretudo, para lá do seu sobre-custo absurdo, o desastre financeiro que a exploração dessa ligação nos trará no futuro.

Fico siderado com esta nova conversa de que não mais seria possível safarmo-nos desse elefante branco. Pura e simplesmente não acredito. E pura e simplesmente passo a desconfiar da bondade e lhanesa da política económica governamental.

2 comentários:

  1. Caro amigo
    Continuo a entender que o projecto TGV não é um erro, da mesma forma que não é errado fazer chegar o correio, as telecomunicações, os transportes, a água, etc. aos mais recônditos lugares do nosso país.
    Mas , pelas mesmas razões que justificam que não devem ser os habitantes dos ditos lugares a pagar os sobrecustos que esses serviços acarretam, devendo estes ser assumidos solidariamente pelo todo nacional, talvez os custos do TGV (e não só) enquanto estrutura fundamental dum plano de transportes europeu deva ser analisado numa perspectiva mais ampla.
    Não pode é permitir-se que uma pretensa "crise" financeira fabricada e alimentada pelos rapaces especuladores faça parar o desenvolvimento.
    Há que acabar rápida e eficazmente com a "crise" e agora finalmente parece que se vão abrindo os olhos para as causas reais e as soluções necessárias, faltando apenas dirigentes políticos capazes, com competência e coragem.
    A "crise" não pode ser pretexto para deixar de investir no desenvolvimento, devendo isso sim ser oportunidade para cortar nos "vícios" e na ostentação.
    (Eu sei que não fui claro, mas depois a gente discute melhor ao vivo) :)
    Grande abraço

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  2. Pois eu queria escrever, com a vantagem de já ter ouvido a entrevista do PM, que finalmente se está a falar com bom-senso sobre via férrea.

    O TGV é uma falácia, criada por franceses (que é algo que só por si nos deve fazer desconfiar), para concorrer com aviões...

    O que interessa, precisamente no sentido em que o AM o aponta, é ultrapassar esse equívoco histórico que isolou a Península Ibérica da compatibilidade com as vias férreas do resto da Europa.

    Isso significa fazer linhas modernas, a velocidades razoáveis e a custos razoáveis (nas palavras do PM 4 vezes mais baratas) que liguem os nossos portos de mar, sobretudo Sines, e os nossos exportadores ao resto da Europa, passando por Madrid. Essas são as estruturas que podem contribuir para o crescimento. Não a fantasia de andar a 350 km/h.

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