quinta-feira, setembro 01, 2011
Águas turvas
Tenho as maiores reservas sobre a privatização da empresa Águas de Portugal.
É certo que também tenho sérias dúvidas sobre a competência e a seriedade dos que actualmente a gerem e não esqueço aquela decisão recente da sua administração em renovar a sua frota automóvel com 400 novas viaturas, decisão que provocou a compreensível indignação de muitos cidadãos a ponto de a mesma administração e respectiva tutela concluirem que era melhor emendarem o disparate. Mas isso é outra conversa.
A água é como o ar: são bens naturais sem os quais não há vida. E assim como ainda não pagamos para respirar, também não deveriamos pagar para beber. É evidente que se quisermos usufruir da comodidade de ter água potável na torneira da nossa casa, é curial que paguemos esse serviço, que nos poupa o tempo e a maçada de carregar a bilha da fonte.
A ideia de entregar à lógica de mercado a gestão dos nossos aquíferos incomoda-me. É verdade que o Estado português é um péssimo gestor e deixou de ser uma pessoa de bem, mas o que importa é corrigi-lo em vez de o demitir das suas funções essenciais. As águas portuguesas pertencem aos portugueses e, portanto, à falta de melhor, devem ser entidades públicas a assumir a responsabilidade da sua gestão sustentável.
Privatizar a água que bebemos e com que nos lavamos é admitir que um dia destes eu tenha de pedir licença ao Sr. Eduardo dos Santos para matar a sede ou à D. Isabel para tomar um duche. Por favor, não turvem a água.
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