O País já percebeu que se aproximam tempos de reformas. Creio até que já terá interiorizado que sem reformas não haverá futuro.
Por isso mesmo aquela parte do discurso do CDS na última campanha eleitoral em que se repetia que o "trabalho tem de voltar a ser o instrumento para o triunfo" deve ser muito bem explicado, e repetido, aos trabalhadores.
Quem anda atento já percebeu que os equilíbrios de que viveu o mundo ocidental nas últimas décadas, esgotaram o seu potencial para resolver os problemas com que nos enfrentamos. Será necessário encontrar novos equilíbrios que permitam encontrar respostas satisfatórias para o grosso das aspirações dos ocidentais.
Provávelmente, isso significará trabalhar mais e por mais tempo. Seguramente implicará dever menos e poupar mais. Inevitavelmente implicará encarar os cursos universitarios como ferramentas que se adquirem para enfrentar o mercado de trabalho e já não como uma alavanca de expectativas à espera de colocação.
Por tudo isto, e o mais que acresce no caso do inacreditável endividamento externo português, é também necessário que o bom trabalho seja bem pago. Não estou a falar dos salários milionários de alguns; estou a pensar na imprescindibilidade de remunerar com justiça quem com o seu esforço acrescenta valor ao País.
Ou seja, se por um lado é preciso esvaziar alguma da capacidade reinvindicativa dos nossos sindicatos de esquerda, nomeadamente explicando a necessidade de trabalhar muito e bem, por outro lado também é urgente exigir dos empresários que se organizem melhor, que rentabilizem melhor os recursos e que não se preocupem exclusivamente em remunerar o risco e o capital: também terão de retribuir justamente o esforço dos seus trabalhadores.
Sem isso não haverá novos equilíbrios socialmente aceitáveis e a contestação social poderá renovar-se como o factor decisivo da estruturação do século XXI.
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