Ultimamente tenho-me sentido mais cansada do que é habitual.
Ora bem, pensando bem no assunto, só viver em Tóquio já é cansativo, desgastante.
Cada dia é uma aventura, cada interacção com o próximo um salto no desconhecido e todos os sentidos estão em permanente alerta. A atenção ao que me rodeia é constante e isso cansa.
Tóquio é cansativo. O Japão é desgastante. Tudo é sempre uma incógnita.
Andar de metro, por exemplo, é das actividades mais arriscadas e nunca se sabe se a pessoa ao nosso lado tomou um pequeno-almoço mais ou menos substancial que lhe permita aromatizar o ambiente...
A aproximação do metro nem sempre significa que consigamos entrar nele: a massa humana que de lá sai é de tal ordem que já por duas vezes o perdi, na plataforma, com a porta à minha frente e um mundo de gente entre nós. As minhas visitas admiram-se quando lhes sugiro que, em hora de ponta, não há que pedir licença, muito menos esperar por uma aberta: é empurrar e com toda a força! Em Roma sê romano...
Ontem levei um valentíssimo empurrão que me fez recuar dois passos. Quando olhei para o agressor constatei com surpresa que era uma velhinha de 130 cm, 20 kg e uns bons 350 anos. Há muitos por aqui. São pessoas que morreram de velhas durante a Guerra mas como os japoneses estavam muito mais entretidos a esborrachar-se, mais os seus aviões, contra os americanos, ninguém deu por nada e consequentemente não avisaram as pessoas de que estava na altura de atravessarem o rio. Entretanto nunca mais actualizaram os registos e é vê-los por aí a cirandar por todo o lado. A de ontem era seguramente uma destas porque a força que saiu daquele corpo franzino não era deste mundo!
Joana
Joana
Tal pai, tal filha!
ResponderEliminarBem vindo Carlos. Que visita tão simpática. Um grande abraço
ResponderEliminarPasso aqui com frequeência, mas em silêncio.
ResponderEliminarJá agora, aproveito para dizer que as Nortadas são hoje a minha sugestão do dia lá no Rochedo.
Grande abraço
PS: Convido-te a visitar amanhã o meu Rochedo, porque creio que vais lá encontrar uma personagem que talvez te faça lembrar alguém.
Joana
ResponderEliminarPela descrição pergunto-me se essa mulher a empurrar não seria o diabo...
bjs
JAC
Carlos, lá me terás à porta, antes da hora de abertura.
ResponderEliminarEspectacular este post! Um dia gostava de conhecer a Joana, a quem peço perdão porque até fiquei a gostar da velhinha-fantasma... Um beijinho,
ResponderEliminarAna
A segunda parte deste seu post é bem interessante e muito forte.Bela imagem para um belo comentário.
ResponderEliminarSe conseguir passar a ver o Japão e a sociedade japonesa como são e não em comparação a si, Joana, e com o que conhece e viveu em Portugal, acabará por se sentir menos "agredida" ,menos cansada, com mais empatia e energia para nos continuar a fazer comentarios fortes como o que nos deu nesta segunda parte do seu post.
JAC: desconfio que sim :)
ResponderEliminarAnita: manda-me um email (jsousafialho@gmail.com). Eu própria fiquei com vontade de dar um beijinho à senhora ;)
Burqa: Não sou eu que escolho os textos que são publicados no Nortadas e na verdade nem sequer sou informada sobre a sua publicação. Apenas sei que post foi publicado (e quando) quando aqui passo. Não tenho nada a ver com o Nortadas e também prefiro a segunda parte do meu texto, publicada no meu blog.
Quanto ao seu comentário: eu tento compreender o japonês, o que também cansa. Mas nem sempre consigo, nem pretendo, fazer comentários imparciais. Um dia talvez seja capaz disso mas por enquanto ainda há coisas que estão para lá da minha capacidade de compreensão. Lá chegarei.
Continuarei a lê-la com muita curiosidade e interesse.
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