sexta-feira, setembro 11, 2009

Gente porreira

No calor da campanha e do Verão, as notícias sobre a recondução do Barroso interessam a pouca gente e mesmo estes já começam a estar fartos deste folhetim que se arrasta há um ano.

Parece que finalmente o Parlamento Europeu acedeu a votar o assunto na próxima semana. Os grandes arautos de que haja uma decisão antes do referendo irlandês são os mesmos que incensam o Tratado de Lisboa como a última das maravilhas da União. Mas, na verdade, eles sabem que se essa mesma votação seguisse o procedimento previsto nesse tratado, o Barroso seria reenviado de tamanquinhas para casa. Vai daí este lufa-lufa de que é preciso eleger o homem e evitar um "vazio de poder". Tretas e truques, está bom de ver.

Tudo isto tem sido um espectáculo triste e deprimente. Mesmo que o actual presidente da Comissão consiga a maioria de Nice (não a de Lisboa) no dia 16, será um presidente enfraquecido, que aceitou ir a leilão, desprestigiado por tanta manobra a que se prestou, por tanto contrabando e tanta promessa a este e àquele.

Um político a sério, uma pessoa de princípios, um homem de honra, alguém que tivesse verdadeiramente um projecto e uma ideia teria há muito tempo batido com a porta e mandado bugiar a feira. Um gesto desses tê-lo-ia engrandecido e tê-lo-ia salvo. Mas essa não é a massa de que é feito. É tudo gente porreira, não é, pá?

3 comentários:

  1. 2 notas
    a) a maioria simples necessária será adquirida pelo mesmo n° de deputados se todos votarem.
    b) a conferência de presidentes relegou a decisão de votar o presidente da Comissão para a plenária de segunda feira.

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  2. Absolutamente de acordo, embora a a falta de princípios de Barroso tivesse ficado logo exposta há quase vinte anos, quando prosseguiu a sua carreira política como se nada fosse, após o desastre do irrealista acordo de Bicesse que, com a sua total incompetência e falta de sentido das responsabilidades, patrocinou.

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  3. O projecto dele era ficar por Bruxelas mais cinco anos, e, co'a breca, parece que vai conseguir! Grande Zé Manel. Realmente concordo com o pirolas, as maiorias são na verdade as seguintes. Nice=maioria absoluta dos votos expressos (número variável); Lisboa=maioria dos deputados em funções (número fixo). Acho que desta vez vão quase todos votar, por isso a diferença não será grande. A principal diferença, é que com Lisboa teriam que nomear-se dois outros cargos (presidente do CE e o novo todo-poderoso alto representante), e aí é que o Zé Manel iria ter problemas, porque não faltaria quem perguntasse porque tinha Portugal direito a um presidente da Comissão, que ainda por cima iria para o segundo mandato, e que ainda para mais representava apenas uma ausência de alternativas...

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