Dizem que a arriba se encontrava em risco iminente e que não podia estar assim, que no dia anterior tinha havido um abalo sísmico, que as pessoas desrespeitaram o sinal a avisar do perigo de desabamento de terras, e o acidente pode ter ocorrido por todas essas razões e porventura por mais algumas. Mas todos sabemos, que já andámos pela costa alentejana e algarvia, que se passa frequentemente de uma praia a outra entre grutas cavadas nas rochas com avisos pendurados a dizer que há risco em ir por ali, e que se está na praia a ler calmamente o jornal ao lado de falésias a pique que nunca se saberá, nem se poderá saber, se estão ou não em risco de desabar no instante seguinte, quando alguém se encostar à pedra, quando uma onda bater mais de força, ou simplesmente quando Deus quiser. Perante as imagens do desastre de ontem ficamos mudos, chocados com a forma como o Destino bateu sem aviso à porta daquelas pessoas, quando segundos antes alguém lá terá passado e nada aconteceu….
Os meus filhos estavam naquele momento na praia Maria Luísa.
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