terça-feira, agosto 04, 2009

Esperança para ...

Oeiras.

A condenação de Isaltino de Morais merece ser sublinhada, por ser a primeira em muitos anos de um autarca de uma cidade importante e por acontecer pouco tempo depois da absolvição de Fátima Felgueiras. Demorou e ainda vai ser contestada, mas aconteceu.

Significa, pelo menos, que a Justiça é lenta mas também é cega (perante os poderosos, que é como devia ser). Pelo menos nalguns casos.

E que os oeirenses (não sei se é a expressão correcta, mas não encontrei outra) poderão agora escolher com maior conhecimento de causa.

Portugal.

Se é possível condenar Isaltino, certamente não há-de ser impossível condenar outros. Resta-nos essa esperança.

Por outro lado, Isaltino deixou obra. Na grande urbe lisboeta, porventura, a melhor obra das últimas décadas. Por isso mesmo, pode acontecer que os oeirenses venham a dar votos em quantidade significativa ao condenado da justiça.

O que significa duas coisas: primeiro, que muita da legislação aplicável, e pela qual se regem, os nossos municípios é totalmente desadequada. Convida ao abuso. Depois, que a cedência à corrupção não é necessariamente o melhor critério para destrinçar os autarcas: há corruptos que nada fazem e outros que fazem demais; há incorruptos que nada fazem e outros que fazem alguma coisa.

O que o País precisa, portanto, é de uma melhoria - leia-se simplificação - da legislação e de muito mais e melhor fiscalização. Até à condenação, como no caso vertente.

E o que os partidos precisam, não é de uma lei a proibir os autarcas condenados de se candidatarem. Precisam é de retirar o apoio aos autarcas que cedem à corrupção, muito antes de vir a conhecimento público - ou da Justiça - o que se passa nos respectivos municípios. O verdadeiro problema é esse: o que as direcções partidárias pactuam com os autarcas corruptos, por causa dos votos que possam significar. Não houvesse isso e muitos dos autarcas de que agora se fala, condenados ou absolvidos, há muito que já não seriam candidatos. Pelo menos pelos respectivos partidos.

É possível um Portugal melhor. Basta querer.

3 comentários:

  1. Caro Ventanias, nesta matéria não penso que a mera perda de apoio do partido seja medida suficiente e acho que a ilegibilidade deve ser uma clara consequência legal da condenação por crime de corrupção. É o que se passa em muitos países e seria aliás consentâneo com a actual perda de mandato. Se perde o mandato, como pode ser novamente elegível? Se foi condenado por corrupção no exercício de cargos públicos, como pode ser ainda elegível? Por outro lado, concordo contigo se dizes que é uma vergonha e um escândalo que certos partidos reapresentem pessoas já pronunciadas ou condenadas.

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  2. Fátima F. só foi absolvida de algumas acusações agora, tinha anteriormente já sido condenada (pena suspensa...) por outras.

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  3. Caro douro, não só digo o que sugeres no final, como concordo contigo no essencial do teu comentário.

    O que acrescento, e tentei deixar no post, é que os próprios partidos também deviam impor um nível de exigência ético muito superior e anterior a condenações judiciais. Não só acho que isso é possível, como acredito que é desejável.

    Obviamente, se defendo a aplicação dessa exigência anterior, por maioria de razão defendo a consequência da inelegibilidade para os condenados.
    Abraço

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