quinta-feira, maio 07, 2009
"O Estado do Estado"
Embora com vontade de o fazer, confesso que ainda não tinha falado do livro "O Estado do Estado” do Paulo Rangel, porque ainda não o tinha lido até ao fim. Impressionantemente bem escrito, a ideia mais importante que me ficou da leitura destas 187 páginas de ensaio político foi a da necessidade de transformação de um Estado que já não é, de uma realidade política que algures, num processo que situa entre a queda do Muro de Berlim e o 11 de Setembro, deixou pura e simplesmente de existir, ou de ser reconhecível nos moldes tradicionais, justificando um novo processo constituinte e um repensar das suas estruturas face à sua incapacidade de resolução de problemas e do surgimento de novas instâncias globais de decisão. É mesmo esta multiplicação de poderes dentro e fora do Estado, a necessidade de articular poderes de regulação completamente distintos e colocados a diferentes níveis normativos, a urgência em garantir as liberdades das pessoas, e a perda da base territorial do Estado, que levam a falar de uma medievalização do poder contraposto ao modelo do Estado moderno que se deixou afirmar na Europa a partir do séc. XVI e XVII. Retomando um tema que sempre lhe foi caro, e sobre o qual escreveu há já uns anos no seu “Repensar do poder Judicial”, faz entroncar aqui, nesta “nova” necessidade de legitimar e exercer o poder e de o controlar, a questão da legitimidade e função dos tribunais. Uma vez que “os órgãos de Governo típicos – o Parlamento e o Governo Administração – perdem todos os dias capacidade de resposta e de actuação”, os tribunais assumem um papel cada vez mais importante na resolução dos conflitos sociais. Quer dizer: à medida que a lei perde em clareza, publicidade e precisão, à medida em que se vai tornando impossível aos órgãos legiferantes controlar as necessidades de enquadramento e de justiça do caso concreto, torna-se imperativo que os tribunais desempenhem parte do papel político de definição da justiça do caso, saltando muito para além da sombra da aplicação subsuntiva da norma jurídica como resultou da repartição de poderes saída da Revolução Francesa, e como foi sendo mantida por sucessivas Constituições até hoje. Mas o que, ao mesmo tempo, não pode ser feito sem repensar a legitimação e o controle democrático da investidura e actividade dos juízes e o sentido do próprio princípio da independência judicial. Depois de chamar a atenção para as fragilidades do Estado tal como ainda o entendemos, Paulo Rangel trata da questão europeia e da Constituição europeia, e a esse nível mostra-se um europeísta e um federalista convicto. Analisando os mecanismos de evolução constitucional constata como a Constituição portuguesa se foi sucessivamente adaptando a realidades e a imperativos constitucionais distintos, e conclui que, muito embora se trate agora de muito mais do que isso, o que coloca em crise o próprio paradigma constitucional que se foi mantendo, ao mesmo tempo não será por aí, pela adesão a uma Constituição Europeia que se perderá a identidade nacional que, julga, sairá mesmo reforçada pela necessidade de se pôr em contacto com outras realidades constitucionais. Mas o alerta e a nota de crítica política mais profunda deixou-a porventura para o fim, onde se debruça sobre as relações entre democracia, liberdade e claustrofobia. Sublinha aqui a necessidade de impor uma “democracia material ou de qualidade” que passa pela garantia da liberdade de expressão e comunicação e pelo pluralismo como pressupostos da escolha democrática. Pois, diz, “como garantir e realizar essa democracia de valores, essa república da tolerância e do pluralismo, se nunca como hoje se sentiu uma tão grande apetência do poder executivo para conhecer, seduzir e influenciar a agenda mediática”? E os alvos de condicionamento não são só os jornalistas e os media, mas o próprio cidadão comum: “a conjugação de uma grave crise económica com um discurso oficial de pensamento único, de auto elogio maniqueísta e de optimismo compulsivo, produz uma atmosfera propicia ao medo e ao receio do exercício da liberdade crítica e da assunção pública da divergência”. Alertando ainda para o que designa como “opressão fiscal” e tentativa de manipular as garantias criminais. Gostei muito da leitura, quer como modo de compreensão da nova realidade do Estado quer do pensamento do Paulo Rangel como político e candidato às eleições europeias. Só lhe peço desculpa como amiga se, em algum momento da minha apressada escrita como blogger, atraiçoei a verdade do que ele pensa, ou do que quis dizer...
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Tenho esperança que a experiência que o Paulo Rangel vai acumular nas lides parlamentares europeias lhe produza aquela evolução de pensamento e de análise sobre a União Europeia que também Pacheco Pereira atravessou, depois de vários anos como vice-presidente daquela assembleia. Às vezes, é mesmo preciso lá ir ou estar para consolidar ou corrigir uma sólida opinião.
ResponderEliminarE a farinhita Maizena?
ResponderEliminarJon Stewart – Num mês apenas, a CIA efectuou 183 simulações de afogamento a um único terrorista da Al-QaedaJon Stewart: sendo mais específico, um prisioneiro da Al-Qaeda passou pela simulação de afogamento 183 vezes num mês, e esta é a pior parte: 185 simulações e recebe-se pão de alho de graça. É preciso passar pela simulação de afogamento 183 vezes? O grau de eficácia não diminui? Presumo que, depois de 90 simulações, ele pense: "Não me vão mesmo afogar, pois não?"
Michael Hayden, director da CIA na era de Bush, defendeu a utilização dessas tácticas contra sujeitos que já tinham dito tudo o que sabiam.
Pivot do Canal de TV: Toda a informação que [Abu Zubaydah] revelou, surgiu antes de ter sido sujeito a simulações de afogamento, antes de ser esbofeteado, antes de ser atirado contra uma parede.
Michael Hayden: devo corrigi-lo. Foi atirado contra uma parede falsa e flexível com uma protecção no pescoço para que não se magoasse.
Jon Stewart: E, para sermos justos, se me permite, a água que usámos para as simulações era tépida e tinha um pH equilibrado. E as algemas das posições de tensão eram sempre as peludas da Spencer Gifts. Não somos nenhuns selvagens!
VÍDEO legendado em português
estranha forma de defender o federalismo!!!!!!....
ResponderEliminar«........mini-spam........»
ResponderEliminarBANDALHEIRA EM ESTADO PURO
---> Os Bandalhos Brancos (a maioria dos europeus) não se têm preocupado em constituir uma sociedade sustentável (média de 2.1 filhos por mulher), e têm argumentado que se deve recorrer à imigração para resolver o problema demográfico!!!
---> Mas acontece que muitos imigrantes vêm de países (ex: islâmicos) aonde foi precisamente a repressão dos Direitos das mulheres (são países aonde as mulheres tratadas como úteros ambulantes) que permitiu uma boa produção demográfica... e consequente exportação de população.
---> Quando a população originária desses países dominar demograficamente a Europa (eles caminham para isso a passos largos) , quem (leia-se os Bandalhos Brancos - a maioria dos europeus) andou a proclamar que os imigrantes seriam os salvadores do problema demográfico, sabe muito bem que vai ter que comer e calar...,...
RESUMINDO: Os Bandalhos Brancos estão a liquidar os Direitos das mulheres... e a Liberdade de Expressão (veja-se os casos de Theo van Gogh, Geert Wilders, etc...).
---> Como não constituem uma SOCIEDADE SUSTENTÁVEL - isto é, uma sociedade dotada da capacidade de renovação demográfica - os Bandalhos Brancos procuram infiltrar-se em qualquer lado [ex: quer importando outros povos para a Europa... quer deslocando-se para o território de outros povos...], consequentemente, os Bandalhos Brancos são intolerantes para com a preservação/sobrevivência das Identidades Étnicas Autóctones...
ABRAM OS OLHOS: Não há tempo a perder com Bandalhos... antes que seja tarde demais, há que mobilizar, para o SEPARATISMO, aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para abraçar um projecto de Luta pela Sobrevivência...