sexta-feira, abril 11, 2008

O pragmatismo indecente de Portas (com a ajuda dos maiores amigos)

Depois dos acontecimentos deploraveis que marcaram o regresso de Portas ao CDS, aquilo que razoavelmente se esperava era que, ao menos até às próximas eleições, houvessse decência no partido.

A decência parece um conceito conceito equívoco. Mas um Amigo meu, que já não está connosco, dizia muitas vezes que "a decência é a estética da ética". E não me parece mal, como definição de decência.

O que se passou esta semana a propósito das eleições para a Distrital do Porto do CDS não foi decente. O Álvaro Castelo Branco ganhou e sempre ganharia, o que torna ainda mais absurdo o comportamento e o envolvimento parcial da Secretaria-Geral em todo o bizarro processo eleitoral.

O que se passou há dias com a antecipação das eleições para a Distrital de Lisboa do CDS também foi bastante económico com a decência. Eu, aliás, tinha dito há uns dois meses a um dos membros do MAR que as eleições iam ser antecipadas porque havia medo da disputa. Na altura disseram que eu não estava a ver bem o problema, mas eu insisti: "eu estive em Óbidos, eu sei como eles pensam e do que são capazes".

Permanecer num partido político é um exercício que exige um compromisso, de renovação diária. E esse compromisso tem a ver com a orientação política, mas também com a prática efectivamente exercida. Com franqueza, não me identifico com este pragmatismo desvalororativo, em que “os fins justificam os meios”. É também por isto que o estado de anemia do CDS obriga a uma reflexão profunda.

“Ser decente” não é o mesmo que “andar decente”. O lado exclusivamente estético (muito bem tratado pelo actual CDS) é o que menos importa. O dos valores na actuação política é o mais sólido, e o que mais resultados dá. E é também aquele que dá credibilidade.


Paulo Portas, ao optar uma vez mais pelo pragmatismo, acaba de ter a sua semana negra. É agora inquestionável que a sua falta de credibilidade é irrecuperável. Porque apesar de trajar bem, definitivamente não transporta valores. E “a decência é a estética da ética”.

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