No caso Esmeralda foi bonito...bonito mesmo...ver a onda de solidariedade que se foi formando em rebanhos pelo país fora. Solidariedade, diga-se, em favor primeiro dos pais adoptivos (que depois descobriu-se que não eram adoptivos), em particular do Sargento e da sua (essa sim inenarrável) condenação a seis anos de prisão. Do outro lado estava o facínora do pai biológico, esse ser medonho que ninguém conhece, para além da fotografia.
Com o quadro montado, aproveitou-se o ensejo para sufragar a revolta do povo solidário e comovido, ratificando-a num infundado "habeas corpus", que qualquer jurista minimamente interessado conhecia o destino (já para não falar do "eminente" penalista que a propôs...!!!???). Com a questão das custas, o caso esfriou. E, nos entretantos, foi-se dissipando a neblina inicial e os argumentos foram perdendo a sua assanhada afoitez. Tudo vindo desaguar nas águas do consenso geral acerca do supremo interesse da menor. Perfeito.
Caso encerrado e julgado. Jurisprudência feita.
Vem agora, outro infeliz exemplo, onde alguém tresloucado raptou, curiosamente, há um ano, uma outra menor. Tanto quanto se saiba, a menina foi encontrada bem de saúde e feliz. Mas a P.S.P., claro está, pugnando por Justiça resgatou a criança dos braços da senhora que a criou desde que nasceu. Para a pequena menina, essa foi, até hoje, desde que se lembra, a sua MÃE...! Pergunto: Então, os corajosos defensores da virtude não vêm a terreiro??? Estranho??? O supremo interesse da menor??? Onde está??? Por muito que repugne imaginar, a melhor solução seria uma guarda partilhada da menor, ou permitirem-se visitas da mãe postiça, ou outro qualquer expediente, que promovesse uma passagem suave de uma família para outra. Tudo no supremo interesse da menor. E concedendo que, neste caso, há matéria penal gravíssima. Mas, desta vez ninguém se indigna? Pelo contrário: a mulher é louca!!! Claro está!!!
A bem da verdade, qual é, no fim de contas, a diferença entre estas duas tristes situações? Nenhuma. Num como noutro estão duas crianças em jogo, cujo interesse supremo somente é resgatado por puros critérios de conveniência. Como aqui referi, a vítima, desgraçadamente, é sempre a mesma.
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