quarta-feira, janeiro 11, 2006

Portugaia II

A Nortada levantada pelo BLX tem a sua pertinência. Igualmente partilho da perspectiva de que o recurso a um expediente de secretaria não trará, seguramente, qualquer solução ao problema de uma cidade e de uma região órfã de um projecto galvanizador e mobilizador.
Sem dúvida, o sufragar deste projecto não se queda por aqui. Como já referi aqui, a grande virtualidade não será meramente um aumento do número de cidadãos e as vantagens directas que daí pudessem decorrer (francamente, não me parecem muitas). Pelo contrário, a grande visão não está em perspectivar esta questão como um fim em si mesmo, mas como um meio. E um meio que mobilizasse, que servisse de mote inspirador, de motor de uma cidade e da sua região, que está em permanente busca sobre o seu papel no contexto nacional, ibérico e, porque não, internacional. Toda uma reorganização administrativa e geográfica, poderá, salvo o devido respeito por melhor opinião, potenciar o élan, para que se criem as sinergias necessárias a uma verdadeira mudança, que, creio, é um anseio dos cidadãos do Porto - lato sensu. Quanto a não ser só Gaia a integrar este projecto: 100% de acordo. Criar um concelho que se estendesse até à, também minha, cidade de Vila do Conde, já me parece demais, bem como o critério - presumo que estético - que ostraciza Gondomar parece-me excessivo. Ficar-me-ia pelos concelhos e/ou freguesias adjacentes à cidade do Porto e que dela vivem, S.Mamede Infesta, Matosinhos, Senhora da Hora, Águas Santas, Rio Tinto, Valbom e, claro, Vila Nova de Gaia. Seria um movimento de acordo com o que no séc. XIV já ocorreu em que, Gaia, Matosinhos, Gondomar, Maia, Valongo, e mais a Norte até Pindelo (actualmente o limite norte da freguesia de Mindelo, Vila do Conde) faziam parte do alfoz do concelho do Porto(vide História da Cidade do Porto, Vol. I, pág. 360). Curiosamente ainda hoje a Diocese do Porto estende-se até à margem esquerda do Rio Ave, enquanto que o lado direito pertence ao arcebispado de Braga - repartindo, assim, o concelho de Vila do Conde em dois. Talvez a velha mania de retalhar o que já é pequeno tenha demandado o destino da nossa região. Contudo, uma coisa tenho por seguro, é sempre tempo para arrepiar caminho. Sobretudo quando as virtualidades de um tal projecto não se consomem com ele, mas o sobejam. E em muito. Podendo ser o tal golpe de asa que falta...de que muito se fala e ninguém concretiza!

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