Andam por aí uns
políticos a acusar os seus críticos de populismo.
É natural que os políticos
profissionais se defendam e todos conhecemos o princípio de que na verdade não
há que perder o bébé no despejo da água do banho. Nem todos os políticos são
uns aldrabões ou uns calaceiros. Mas se a vox populi hoje desconfia da
generalidade dos políticos a culpa é destes, que não souberam ou não quiseram
arrumar a casa e limpar a soleira. E sobretudo não quiseram corrigir o regime
que os serve e de que se servem.
É muito salutar e
democrático que o povo questione os seus representantes. E esperar-se-ia que
estes, se na verdade são, como se auto-denominam, campeões da democracia,
aceitassem esse controlo como desejável e necessário. A verdade todavia é que
preferem pôr o acento tónico e o dedo acusador numa alegada deriva populista
que estaria a contaminar a sociedade. Nessa senda, despejam um discurso
moralisante fastidioso cuja mensagem subliminar é a de que eles são o sal da
pátria e os críticos uns fascistas em potência.
Nunca explicam
bem o que é o populismo mas o que se conclui do seu pensamento é que se alguém
defende a redução do número de deputados ou crítica a perda de soberania
resultante da prática quotidiana das instituições europeias, esse alguém devia
ser posto firmemente de quarentena, visto ser seguramente um populista-ébola
que nos quer levar ao desastre. Um desses profissionais arautos do federalismo
europeu classifica mesmo estes contaminados de ‘terroristas ideológicos’
embora, conceda-se, ainda não nos acuse de candidadtos à militância no Estado
Islâmico.
Esta cruzada
alegadamente anti-populista parece-me o negativo de uma outra cruzada que se
limita a berrar contra o neo-liberalismo, outro saco roto onde pode cair tudo
mas cujos contornos ninguém explica. É a mesma engrenagem, ainda que de outro
sinal. Julgam que com anátemas destes liquidam o crítico mas o que fazem é
fugir a sete pés do debate pelas portas do fundo, para se refastelarem nas suas
poltronas protegidas de ‘europeístas convictos’ (outro cliché) e de beatos
canonizados do situacionismo. E nós é que somos ‘terroristas’?
Ide pentear
macacos.
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