terça-feira, outubro 28, 2014

Os auto-denominados anti-populistas


Andam por aí uns políticos a acusar os seus críticos de populismo.
É natural que os políticos profissionais se defendam e todos conhecemos o princípio de que na verdade não há que perder o bébé no despejo da água do banho. Nem todos os políticos são uns aldrabões ou uns calaceiros. Mas se a vox populi hoje desconfia da generalidade dos políticos a culpa é destes, que não souberam ou não quiseram arrumar a casa e limpar a soleira. E sobretudo não quiseram corrigir o regime que os serve e de que se servem.

É muito salutar e democrático que o povo questione os seus representantes. E esperar-se-ia que estes, se na verdade são, como se auto-denominam, campeões da democracia, aceitassem esse controlo como desejável e necessário. A verdade todavia é que preferem pôr o acento tónico e o dedo acusador numa alegada deriva populista que estaria a contaminar a sociedade. Nessa senda, despejam um discurso moralisante fastidioso cuja mensagem subliminar é a de que eles são o sal da pátria e os críticos uns fascistas em potência.

Nunca explicam bem o que é o populismo mas o que se conclui do seu pensamento é que se alguém defende a redução do número de deputados ou crítica a perda de soberania resultante da prática quotidiana das instituições europeias, esse alguém devia ser posto firmemente de quarentena, visto ser seguramente um populista-ébola que nos quer levar ao desastre. Um desses profissionais arautos do federalismo europeu classifica mesmo estes contaminados de ‘terroristas ideológicos’ embora, conceda-se, ainda não nos acuse de candidadtos à militância no Estado Islâmico.

Esta cruzada alegadamente anti-populista parece-me o negativo de uma outra cruzada que se limita a berrar contra o neo-liberalismo, outro saco roto onde pode cair tudo mas cujos contornos ninguém explica. É a mesma engrenagem, ainda que de outro sinal. Julgam que com anátemas destes liquidam o crítico mas o que fazem é fugir a sete pés do debate pelas portas do fundo, para se refastelarem nas suas poltronas protegidas de ‘europeístas convictos’ (outro cliché) e de beatos canonizados do situacionismo. E nós é que somos ‘terroristas’?

Ide pentear macacos.




Sem comentários:

Enviar um comentário