Persistir em
votações em listas cujos candidatos são “eleitos” segundo uma proporcionalidade
pretensamente democrática, dita “de Hondt”, é a prova provada de que o regime se
barricadou entre muralhas e se transformou num clube apenas acessível aos que
conhecem a password do dia e se sujeitam ao detector de ‘metais’, leia-se
ideias próprias ou sentido crítico.
Não é por acaso
que, a uma semana das eleições para o Parlamento Europeu, as poucas conversas a
que assisto sobre o tema, seja na roda de conhecidos seja na mesa do lado, é
sobre a maneira de curto-circuitar o bunker.
Normalmente a
coisa começa porque alguém afirma a sua intenção de pura e simplesmente ignorar
a urna-engôdo do próximo Domingo. Se um outro replica a baboseira de que o não-voto
é cobarde e irresponsável, há normalmente um terceiro que explica que a solução
é votar em branco. Quando o segundo fino chega, já se discutem as vantagens do
voto nulo face ao voto em branco e vice-versa, até que uma voz menos bem
sentada porque se atrasou a estacionar o carro anuncia que decidiu ir votar nas
margens, num pequeno partido, que é a única maneira de comer percentagens aos
do castelo. Talvez no PPM, talvez no PAN, talvez no... Haja um menos céptico
da tertúlia que afirme a sua escolha no Assis ou no Rangel e a gargalhada é
geral.
É possível que as
minhas frequentações sejam pouco recomendáveis ou as esplanadas em que me sento
mal formatadas, mas ainda não ouvi uma alma lembrar que se tratam de eleições
para um parlamento de 766 membros dos quais apenas 28 são designados pelas direcções
partidárias portuguesas. E que os poderes desse parlamento, que felizmente são
escassos, são, na sua melhor parte, partilhados com um Conselho onde os votos
portugueses valem 12 em 352.
Tudo visto e
ponderado, qual o valor do meu voto no Domingo?
Só pode ser um
valor de protesto e nunca de conivência com um sistema eleitoral viciado, mais
a mais para uma instituição onde a influência do “meu” representante é pouco
maior do que a do contínuo que lhes distribui a água mineral.
O que é que passa
no Politeama?
Mas afinal estas eleições são mesmo para o PE?
ResponderEliminarPelas imagens que vi nas tv's pensava que eram para eleger o presidente da comissão...
FRF