sábado, maio 17, 2014

Ó amor, vamos ao Politeama?


Persistir em votações em listas cujos candidatos são “eleitos” segundo uma proporcionalidade pretensamente democrática, dita “de Hondt”, é a prova provada de que o regime se barricadou entre muralhas e se transformou num clube apenas acessível aos que conhecem a password do dia e se sujeitam ao detector de ‘metais’, leia-se ideias próprias ou sentido crítico.

Não é por acaso que, a uma semana das eleições para o Parlamento Europeu, as poucas conversas a que assisto sobre o tema, seja na roda de conhecidos seja na mesa do lado, é sobre a maneira de curto-circuitar o bunker.

Normalmente a coisa começa porque alguém afirma a sua intenção de pura e simplesmente ignorar a urna-engôdo do próximo Domingo. Se um outro replica a baboseira de que o não-voto é cobarde e irresponsável, há normalmente um terceiro que explica que a solução é votar em branco. Quando o segundo fino chega, já se discutem as vantagens do voto nulo face ao voto em branco e vice-versa, até que uma voz menos bem sentada porque se atrasou a estacionar o carro anuncia que decidiu ir votar nas margens, num pequeno partido, que é a única maneira de comer percentagens aos do castelo. Talvez no PPM, talvez no PAN, talvez no... Haja um menos céptico da tertúlia que afirme a sua escolha no Assis ou no Rangel e a gargalhada é geral.

É possível que as minhas frequentações sejam pouco recomendáveis ou as esplanadas em que me sento mal formatadas, mas ainda não ouvi uma alma lembrar que se tratam de eleições para um parlamento de 766 membros dos quais apenas 28 são designados pelas direcções partidárias portuguesas. E que os poderes desse parlamento, que felizmente são escassos, são, na sua melhor parte, partilhados com um Conselho onde os votos portugueses valem 12 em 352.

Tudo visto e ponderado, qual o valor do meu voto no Domingo?
Só pode ser um valor de protesto e nunca de conivência com um sistema eleitoral viciado, mais a mais para uma instituição onde a influência do “meu” representante é pouco maior do que a do contínuo que lhes distribui a água mineral.

O que é que passa no Politeama?

1 comentário:

  1. Mas afinal estas eleições são mesmo para o PE?
    Pelas imagens que vi nas tv's pensava que eram para eleger o presidente da comissão...
    FRF

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