quarta-feira, janeiro 15, 2014

Congresso do CDS - parte 3

1)      As próximas eleições e a anterior
Tenho defendido que não há alternativa a que CDS e PSD se apresentem coligados quer nas eleições europeias quer nas eleições legislativas, partido do princípio que até 2015 não existe nenhuma rutura na coligação, o que aliás já sustentei em post anterior ser difícil acontecer após a renovação do governo após a demissão de Portas. Parece-me que o eleitorado não perceberia que assim não fosse. Mas também porque as legislativas vão ocorrer numa altura em que a economia estará em crescimento sustentável, será o ano da aposta na revisão do IRS e Seguro ainda estará ao leme do PS pois António Costa vai também fazer esta leitura e vai ficar quieto. Ou seja, ventos favoráveis a Portas e Passos que assim continuarão “unidos”.
As europeias terão condicionantes e enquadramentos diferentes. Bem sei que deverá ser difícil enquadrar um discurso claramente europeísta/federalista e de maior integração como o de Paulo Rangel, com uma postura normalmente mais reservada do CDS. Mas se for possível conciliar estas diferenças, o facto das apostas dos dois partidos serem em Paulo Rangel e Nuno Melo que não têm uma imagem conectada com o governo irá certamente ajudar a minimizar os possíveis prejuízos. Repare-se que até no caso de Rangel é normalmente visto como crítico de Passos do que seu apoiante, e Nuno Melo tem claramente uma opinião pública muito positiva fruto do bom desempenho quer enquanto deputado europeu quer ainda no rescaldo do caso BPN do qual infelizmente sentimos o seu efeito todos os dias.
E não adianta aparecerem os argumentos de que os partidos do governo foram penalizados nas autárquicas, pois isso não é verdade. Ou seja, quem perdeu foram as candidaturas locais e não os partidos do governo. Exemplos? Porto foi perdido pelo PSD para uma candidatura independente mais pelo factor anti-menezes do que pelo facto de Menezes ser o candidato do PSD. Gaia? Também aqui a vitória do PS acontece pela divisão do eleitorado que anteriormente apoiava a coligação PSD/CDS que votou em Guilherme Aguiar e em Carlos Abreu Amorim. Sintra? Uma vez mais a escolha dos candidatos da coligação PSD/CDS que apoiou um candidato que não era a escolha natural das estruturas locais levou à vitória de Basílio Horta. Coimbra? Depois de anos coligados PSD e CDS apresentaram-se separados. E locais houve onde o PS não conseguiu capitalizar nada e a vitória sorriu ao CDS como foi o caso de Albergaria-a-Velha e Vale de Cambra. Como se pode constatar cada eleição é uma eleição. Esta ideia de que o eleitorado baralha as eleições é um desejo antigo dos partidos que estão na oposição. Só que os portugueses são eleitores capazes.

Assim, voltando ao início, apesar de também eu ser um defensor de que o natural é os partidos concorrem isolados, perante a situação actual não vejo alternativa que não sejam as coligações nas europeias e nas próximas legislativas. Mas aguardemos para ver o que vai acontecer.

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