segunda-feira, novembro 04, 2013

Os aprendizes de Gaia


Acho sempre interessante quando aparecem ideias malucas a bulir com a nossa racionalidade. Mas fico preocupado quando ouço pessoas de mérito elogiar um projecto de doidos, invocando “abertura de espírito” e chamando os detractores da coisa de reaccionários.
Refiro-me ao projecto dos arquitectos Pedro Bandeira e Pedro Ramalho para o quarteirão da Companhia Aurifícia, no Porto: deslocar para ali a ponte D. Maria Pia.

Aquando das eleições para a Câmara do Porto houve alguém que disse que o candidato do governo seria até capaz de propôr trazer a torre Eiffel para a Invicta se tal ideia lhe passasse pela cabeça. Era obviamente uma ‘boutade’ do crítico, que com essa hipérbole pretendia caracterizar a fantasiosa imaginação daquela gente.

Ora, afinal, o que era um radical exagero ganha agora corpo, feito ponte.
Nada tenho contra a brincadeira de umas foto-montagens, à qual se junta a vontade de que falem deles, dos brincalhões. Mas o que verdadeiramente me deixa sem palavras é a constatação de que há outros que acham o disparate exequível e desejável.

Fico assustado. Os chineses não compraram apenas a EDP; estão, pelos vistos, a contaminar as nossas inteligências. 
 

4 comentários:

  1. Carlos Duarte3:55 da tarde

    QUUUUUÊ? Mas isso é a sério? Foi proposto por pessoas sem problemas do foro psiquiátrico?

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    1. Caro Carlos Duarte, confirme no jornal Pùblico de hoje. Também pensei ao princìpio tratar-se de uma brincadeira mas lendo o artigo confirmei a "seriedade" da coisa.

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    2. Carlos Duarte9:35 da manhã

      Caro Douro,

      Não duvido mas estou absolutamente estupefacto. Uma coisa é ter ideias megalómanas (e a essas, infelizmente, já estamos habituados) outra é ter ideias comprovadamente delirantes. A quem propôs isso, proponho eu que descanse um pouco no meio da natureza ou, em alternativa, num quarto do Magalhães Lemos.

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  2. Não nos interessa mais a realidade mas apenas a sua imagem imediata e fácil. Qual o real problema daquela zona da cidade? é a falta de um monumento? não me parece!
    Por esta ordem de ideias poderíamos pensar em deslocar qualquer ponte, monumento ou edifício de uma cidade apenas para chamar a atenção. Esta ideia e a importância que mereceu por parte dos média reflecte somente o declínio intelectual em que vivemos.

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