Houve um político americano que durante a
refrega eleitoral chamou a atenção dos seus concidadãos para o facto de a
escolha em causa não ser apenas sobre programas mas também dever ter em conta o
carácter dos candidatos em liça. Eu penso que essa afirmação era justa.
O nosso Alexandre Herculano escreveu o
seguinte sobre o Porto, no seu 2° volume das lendas e Narrativas:
“ ...não o julgueis antes de o tratar
familiarmente. Não façais cabedal de certo modo áspero e rude que lhe haveis de
notar; trazei-o à prova, e achar-lhe-eis um coração bom, generoso e leal. Rudeza
e virtude são muitas vezes companheiras, e entre nós, degenerados netos do
velho Portugal, talvez seja ele quem guarde ainda maior porção da desbaratada
herança do antigo carácter português no que tinha bom, que era muito, e no que
tinha mau, que não passava de algumas demasias de orgulho”.
Vale por isso a pena reflectir uns instantes
sobre o carácter de cada um dos candidatos que nos convidam a dar-lhes a nossa
confiança para gerirem os destinos do nosso concelho e da nossa cidade. Tenho a
ousadia de pensar que nos é legítimo exigir a cada um deles aquilo a que os
franceses chamam “droiture” e que define alguém cujos valores de honestidade,
de lealdade, de sinceridade e de rectidão nos permite acreditar na pessoa e nos
leva a entregar-lhe as chaves da cidade.
É uma questão de carácter! Há quem o tenha e há
quem não o tenha. E, como dizia Herculano, quem o tem mantém o que de muito bom
havia. E eu atrever-me-ia a acrescentar que mesmo a demasia de orgulho é, neste
caso, neste Domingo, um “mal” que vem por bem. Confesso essa ponta de orgulho
de ser tripeiro e é por isso que voto Moreira. Por uma questão de carácter.
Sim, também.
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