terça-feira, fevereiro 19, 2013

E depois do adeus ?

 O programa de ajustamento em curso é em si mesmo de duração limitada (2011-2014), pelo que o adeus à troika tem, como habitualmente, data marcada.

Antes deste havíamos já acenado um adeus a outros dois, que afinal foram um até breve.

Aquando do último pedido de ajuda, ainda pela boca de Sócrates, logo aqui deixei no ar a dúvida de saber por quanto tempo, depois do adeus, iríamos ficar sem voltar a chamar o FMI.

Veio depois o memorando que, para além do deve/haver das contas públicas, baseado na receita do costume (+impostos -pensões), enunciava ainda uma série de reformas para que a economia voltasse a crescer e a sustentar o monstro, sem tocar verdadeiramente na raiz do problema – a coisa pública e o estado social.

Fizeram-se pois cortes temporários e congelaram-se salários e carreiras para reduzir o défice, em si uma questão de curto prazo.

Já as reformas enunciadas no memorando, e que na realidade estão a ser implementadas, visam o crescimento da economia de um modo mais salutar. Mas irá esta crescer mesmo?

Tenho para mim que sim, posto que muito moderadamente. O que não será suficiente.

Na realidade os deuses não têm estado connosco. Um pouco por toda a Europa, primeiro destino das nossas exportações, se está a fazer o mesmo. A Espanha, nosso principal parceiro externo, está um verdadeiro desastre e ainda pior que nós. O preço do petróleo tem-se mantido sempre em alta, insistindo em não baixar a barreira dos $110. E como se tudo isto já não bastasse, para satisfazer o apetite do tribunal constitucional, o OE 2013 sobrecarrega a pobre economia com mais impostos ainda.

Ademais, qualquer crescimento de uma economia de pequena dimensão como a nossa, também será sempre pequeno. Deixemos-nos de tretas. Portugal foi sempre um país de emigrantes pois nunca teve uma economia que fosse capaz de sustentar 10 milhões de habitantes. Duvido que seja agora que, por qualquer magia, a venha a ter.

Há pois necessidade de atacar a raiz do problema. Em particular pela revisão das fabulosas carreiras salariais e sistema de pensões, pelo controlo de desperdícios e o termo das demais mordomias da coisa pública.

É que tudo o que é temporário termina e tudo o que é congelado se descongela. Pelo menos com o frigorífico lá de casa assim é...

E quando o temporário terminar e o congelado descongelar, o problema continuará cá.

Suportar todo a actual figurino de despesa pública com recurso a dívida já todos sabemos que não é opção. Mas fazê-lo pela via fiscal também não o é.

Desde o início que aguardo, ansiosamente, por sinais de que a raiz do problema irá ser verdadeiramente atacada, nomeadamente na mesa da concertação social, por onde devia ser iniciada. Infelizmente só vejo que tudo tarda. Mas que não pode deixar de acontecer, não tenho dúvidas. Haja o folclore que houver.

1 comentário:

  1. "para satisfazer o apetite do tribunal constitucional, o OE 2013 sobrecarrega a pobre economia com mais impostos ainda."
    ....
    "fabulosas carreiras salariais e sistema de pensões"...

    É preciso ter lata!!!!!!
    (ou nem sequer ter consciência da própria ignorância)

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