terça-feira, fevereiro 12, 2013

Bento XVI - 2

Há uma outra reflexão que nos pode ajudar a perceber a renúncia de Bento XVI. É uma perspectiva simbólica, porque deduzida através dos símbolos.

A imagem de João Paulo II é a imagem do sofrimento, da renúncia, da aceitação conformada dos desígnios de Deus.

João Paulo II escolheu como símbolo (se é que se pode dizer assim) do seu papado uma imagem de Cristo na cruz. A cruz vergada pelo peso do sofrimento. O sofrimento como caminho para a Santidade.

Bento XVI, pelo contrário, escolheu uma cruz sem Cristo. Cristo ressuscitado, sinal de Esperança, já não está na Cruz. Ressuscitou e está entre nós.

Bento XVI não quer que o caminho da Salvação esteja necessariamente associado ao sofrimento.  A mensagem da Igreja é uma mensagem de Esperança, própria do Cristo-Rei ressuscitado.

O Papa não quer ser ele próprio um sinal de velhice, de sofrimento, de caminho para a morte. Principalmente não quer a ideia de que o caminho para o Céu (seja lá o que isso for) tem de passar pela dor.

A renúncia surge numa altura de lucidez plena. A lucidez de quem sabe que o sucessor de Pedro tem de ser portador de Esperança.

3 comentários:

  1. Não guardo para mim de João Paulo II uma imagem de sofrimento. Nem de renúncia. Apesar da doença, que lhe limitava o corpo mas não a lucidez, sempre manteve uma atitude de alegria e de intervenção.
    De aceitação conformada dos desígnios de Deus, talvez, em particular após ter sobrevivido ao atentado de 13 de Maio. Como que então lhe tivesse sido concedido um extra tempo de vida para que, alegremente, a colocasse ao serviço de tais desígnios.
    Parece que este vai ser o ano das resignações. Depois da rainha Beatriz da Holanda, com data marcada para 30 de Abril (sem hora), temos agora a do Papa. Ambas por motivo de idade.
    A boa verdade é que a longevidade dos dias de hoje parece desaconselhar os cargos vitalícios.
    Tivesse eu um pouco mais de idade que de bom grado renunciaria também ... à freguesia.

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  2. As minhas desculpas, o anónimo anterior sou eu.
    Abraço, FRF

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  3. A idade e a sabedoria são, para muitas ocasiões, uma virtude. Não se pode cair no erro de dispensar o conselho dos mais experientes. Embora haja alguma tentação para esse lado.

    Um abraço

    JAC

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