segunda-feira, dezembro 10, 2012

A importância de um discurso claro e inequívoco em defesa do interesse nacional




A recente revisão das condições do empréstimo concedido à Grécia levou a acalentar a esperança que Portugal e Irlanda seriam igualmente beneficiados. Tinha-se aberto uma janela de oportunidade: para os países intervencionados e para a Europa. Para os países intervencionados seria o modo de canalizar dinheiro para o crescimento (baixa de TSU, baixa de impostos, investimento, …). Para a Europa, uma oportunidade de facilitar o regresso dos países cumpridores aos mercados e, desse modo, tornar irreversível o sucesso dos programas de ajustamento e do Euro.
Poderia ser uma oportunidade mas redundou numa grande confusão. Primeiramente, houve as declarações erráticas num canto escuro do irrelevante e quase cessante presidente do Eurogrupo, Jean Claude Juncker. Posteriormente, as inoportunas reacções do directório europeu, que o nosso primeiro-ministro considerou elogiosas, e que resignaram o nº 1 e o nº 2 do nosso Governo, até o Presidente da República e o nº3 do nosso Governo terem dado a sua opinião.

Este episódio reflecte a importância de um discurso claro e inequívoco quer dos governantes portugueses quer dos europeus. O que sobrou foi um espectáculo patético. Não pode haver uma inibição em reclamar melhores condições para pagar o empréstimo. Não deveria haver essa inibição sobretudo por estarmos a cumprir estoicamente o acordo de assistência financeira.

Convém recordar que a Irlanda beneficiou de uma revisão da taxa de juro aquando do pedido de ajuda internacional de Portugal e que, nem por isso a Irlanda ficou mal vista pelos mercados. Antes, pelo contrário: a melhoria das condições de empréstimo tornou mais provável o pagamento por inteiro e a tempo do mesmo, ou seja, tornou mais viável o regresso da Irlanda aos mercados internacionais de financiamento.

Certamente que Portugal e Irlanda não querem um acordo semelhante ao da Grécia porque, felizmente, o drama que os gregos vivem é único (o nosso, apesar de tudo, não atingiu nem vai atingir a dimensão grega) e o referido acordo reflecte a incapacidade do país pagar na totalidade e no tempo devido as suas dívidas.Haircuts ou novos resgates implicariam mais tempo para o ajustamento com condições mais penosas e custos sociais ainda mais graves. 

No entanto, e como o próprio ministro das finanças irlandês, Michael Noonan, referiu, a melhoria nas condições do empréstimo pode facilitar o regresso em pleno da Irlanda aos mercados da dívida e o cumprimento do próprio memorando da troika. 


Não tem que ser já e na praça pública, mas é imperativo negociar e defender sem complexos os interesses de Portugal.

1 comentário:

  1. Tem toda a razão: assistiu-se aum espectáculo patético. Até o SEI (= Su Excelentíssima Irrelevância/ Barroso) apareceu a dizer umas coisas caricatas para meter medo aos meninos.

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