A recente revisão das condições do empréstimo concedido à
Grécia levou a acalentar a esperança que Portugal e Irlanda seriam igualmente
beneficiados. Tinha-se aberto uma janela de oportunidade: para os países
intervencionados e para a Europa. Para os países intervencionados seria o modo
de canalizar dinheiro para o crescimento (baixa de TSU, baixa de impostos, investimento,
…). Para a Europa, uma oportunidade de facilitar o regresso dos países cumpridores
aos mercados e, desse modo, tornar irreversível o sucesso dos programas de
ajustamento e do Euro.
Poderia ser uma oportunidade mas redundou numa grande confusão.
Primeiramente, houve as declarações erráticas num canto escuro do irrelevante e
quase cessante presidente do Eurogrupo, Jean Claude Juncker. Posteriormente, as
inoportunas reacções do directório europeu, que o nosso primeiro-ministro
considerou elogiosas, e que resignaram o nº 1 e o nº 2 do nosso Governo, até o
Presidente da República e o nº3 do nosso Governo terem dado a sua opinião.
Este episódio reflecte a importância de um discurso claro e
inequívoco quer dos governantes portugueses quer dos europeus. O que sobrou foi
um espectáculo patético. Não pode haver uma inibição em reclamar melhores
condições para pagar o empréstimo. Não deveria haver essa inibição sobretudo por estarmos a
cumprir estoicamente o acordo de assistência financeira.
Convém recordar que a Irlanda beneficiou de uma revisão da
taxa de juro aquando do pedido de ajuda internacional de Portugal e que, nem
por isso a Irlanda ficou mal vista
pelos mercados. Antes, pelo contrário: a melhoria das condições de empréstimo tornou
mais provável o pagamento por inteiro e a tempo do mesmo, ou seja, tornou mais
viável o regresso da Irlanda aos mercados internacionais de financiamento.
Certamente que Portugal e Irlanda não querem um acordo
semelhante ao da Grécia porque, felizmente, o drama que os gregos vivem é único
(o nosso, apesar de tudo, não atingiu nem vai atingir a dimensão grega) e o referido
acordo reflecte a incapacidade do país pagar na totalidade e no tempo devido as
suas dívidas.Haircuts ou novos resgates implicariam mais tempo para o
ajustamento com condições mais penosas e custos sociais ainda mais graves.
No entanto, e como o próprio ministro das finanças irlandês,
Michael Noonan, referiu,
a melhoria nas condições do empréstimo pode facilitar o regresso em pleno da
Irlanda aos mercados da dívida e o cumprimento do próprio memorando da troika.
Não tem que ser já e na praça pública, mas é
imperativo negociar e defender sem complexos os interesses de Portugal.
Tem toda a razão: assistiu-se aum espectáculo patético. Até o SEI (= Su Excelentíssima Irrelevância/ Barroso) apareceu a dizer umas coisas caricatas para meter medo aos meninos.
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