domingo, novembro 18, 2012

De trás para a frente ou em breve nem isso

Tenho uma mania de ler jornais e revistas de forma desorganizada. Quer isto dizer que não sigo a ordem que seria natural e que deu origem à famosa frase, "li da primeira à última página". Pois bem, muitas das vezes começo pela última e aos domingos, com o Público, invariavelmente começo pela penúltima. E tudo por causa da coluna de José Queirós, o Provedor do Leitor. É um trabalho importante na busca do que seria a comunicação social perfeita. Ora dando razão aos leitores que apontam falhas, ora defendendo os jornalistas quando essas críticas não são justas. Estou certo que os jornalistas do Público, em especial os mais novos, leem com atenção as suas críticas e os seus reparos. Umas das vezes concordo outras nem por isso. Mas acima de tudo faz-nos pensar.

A crónica de hoje é uma vez mais um olhar crítico, muito crítico, sobre a "qualidade" jornalística da capa do Público do dia 12 de Novembro. Ilustração ou uma afirmação política por parte do jornal?

Tal como refere José Queirós, também eu admito que seria mais benéfico que os media se assumissem política, ou desportivamente, naquilo que seria uma relação mais frontal e verdadeira com os seus leitores. Mas visto que não é essa a prática corrente, e no caso do Público até está escrito no seu Livro de Estilo precisamente o contrário, é bom que nós leitores tenhamos a certeza de que o que lemos, seja no Público ou noutro qualquer, é estritamente a verdade e não um somatório de falsidades ou ficções.

Não é de hoje que os jornalistas são enganados pelas fontes, umas das vezes porque o foram de facto outras das vezes porque o querem ser, como também não é de hoje que os jornalistas podem ser bons ou maus, mais ou menos capazes de serem fiéis aos seus "mandamentos". Daí a importância de um olhar crítico em especial quando feito por alguém que conhece bem como se "cozinha" uma notícia.

E tudo isto afunila para uma coisa tão mais importante como a liberdade de expressão ou a liberdade de imprensa. A qualidade de uma comunicação social livre é um dos principais sinais do grau de democracia vivida. Em Portugal graças a deus o nosso grau de democracia ainda é elevado. E digo "ainda é", pois os sinais começam a ser preocupantes. Não falo apenas pela questão da eminente falência de uma série de títulos e grupos de comunicação social, mas pelo facto de em virtude dessa dificuldade de quem se fala, ou não  se fala, possam vir a ser os seus compradores. Vide o que se fala sobre a possível venda do JN, DN e outros que o já são e outras que o podem vir a ser.

Ao ler a entrevista no Público a Rafael Marques e ao lembrar-me da resposta violenta no editorial do "Jornal de Angola", e ao silêncio português, fiquei com a leve sensação que vêm aí dias dificeis para todos. Nessa altura temo que provedores como o José Queirós sejam apenas referências do passado.

Mas como em tudo na vida, enquanto há vida há esperança. Mas nunca desistir.



Sem comentários:

Enviar um comentário