terça-feira, junho 05, 2012

Bonds, not James...


Os (agora) chamados ‘project bonds’ são uma farsa pobre.
Em primeiro lugar, não têm novidade nenhuma pois nada impede um dado consórcio de emitir obrigações para financiar a execução de um projecto. Aliás, já há o BEI e o BERD.

Em segundo lugar, reflectem uma vez mais a ideia gasta de que com mais uma auto-estrada ou um comboio que ande a 200 à hora a Europa cresce e o desemprego diminui. Como diria a Ferreira Leite, talvez o desemprego de ucranianos ou moldavos e o que crescerá sem dúvida é a dívida.

Em terceiro lugar, a crise económica, financeira e bancária que nos assola não se resolve com outro túnel sob a Mancha ou uma ponte entre Roma e Marselha. O que é necessário é uma política, não são uns tiros avulsos.
Em quarto lugar, ninguém explica quem e como se decide que projectos merecem ser assim financiados: a triste experiência diz-nos que são os centralistas a nível europeu e os seus arautos locais que têm a exclusiva sabedoria de saber onde importa investir, o que normalmente ocorre à porta deles.

Em quinto lugar, a gente compreende que a indústria francesa ou alemã ou italiana gostaria bem de encontrar uns tolos que lhe escoem os stocks de carruagens ou de candeeiros ou de cimento e que depois lhes fiquem prisioneiros por décadas por razões de manutenção e de peças sobressalentes. ‘Obrigadinho, mas bata na porta ao lado’.

Os proponentes de ‘project bonds’ são os vendedores reciclados de enciclopédias que têm bonecos e tudo. Quem avisa, amigo é.

2 comentários:

  1. Quanto à ponte entre Roma e Marselha não estou assim tão certo. Tudo dependerá do número de faixas de rodagem...
    FRF

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