Os (agora) chamados ‘project bonds’ são uma
farsa pobre.
Em primeiro lugar, não têm novidade nenhuma
pois nada impede um dado consórcio de emitir obrigações para financiar a
execução de um projecto. Aliás, já há o BEI e o BERD.Em segundo lugar, reflectem uma vez mais a ideia gasta de que com mais uma auto-estrada ou um comboio que ande a 200 à hora a Europa cresce e o desemprego diminui. Como diria a Ferreira Leite, talvez o desemprego de ucranianos ou moldavos e o que crescerá sem dúvida é a dívida.
Em terceiro lugar, a crise económica,
financeira e bancária que nos assola não se resolve com outro túnel sob a
Mancha ou uma ponte entre Roma e Marselha. O que é necessário é uma política,
não são uns tiros avulsos.
Em quarto lugar, ninguém explica quem e como
se decide que projectos merecem ser assim financiados: a triste experiência
diz-nos que são os centralistas a nível europeu e os seus arautos locais que
têm a exclusiva sabedoria de saber onde importa investir, o que normalmente
ocorre à porta deles.Em quinto lugar, a gente compreende que a indústria francesa ou alemã ou italiana gostaria bem de encontrar uns tolos que lhe escoem os stocks de carruagens ou de candeeiros ou de cimento e que depois lhes fiquem prisioneiros por décadas por razões de manutenção e de peças sobressalentes. ‘Obrigadinho, mas bata na porta ao lado’.
Os proponentes de ‘project bonds’ são os
vendedores reciclados de enciclopédias que têm bonecos e tudo. Quem avisa,
amigo é.
Quanto à ponte entre Roma e Marselha não estou assim tão certo. Tudo dependerá do número de faixas de rodagem...
ResponderEliminarFRF
Bem dito hehehehe
EliminarAbração