domingo, maio 27, 2012

O tropeção de Relvas

O ministro Miguel Relvas (MR) é um daqueles casos de impopularidade garantida. Ao que somou claramente uma inabilidade que confesso não lhe atribuía. E não lhe auguro grande futuro. Vejamos então algumas das explicações para esta situação.

1 - Antes de ser ministro MR era conhecido por ser o rei do aparelho partidário e responsável pela caminhada vitoriosa de Pedro Passos Coelho. A sua lista telefónica é certamente valiosa e daí o seu poder. Nela constam muitos e muitos jornalistas com quem foi trocando "favores". Prática normal no relacionamento entre jornalistas e políticos.

2 - MR é maçon. Como são maçons muitos Psd's que com ele privam, mais gente do PS e do mundo dos negócios como é o caso da tropa da ONGOING. A normal suspeita de troca de favores entre irmãos é algo que cria muita confusão. Não só a mim, mas a muita boa gente.

3 - MR quando se viu ministro centralizou nele alguns dos dossiers que mais conflitos e confrontos poderiam criar: privatização da RTP e Reorganização Autárquica. Ou seja, ia por um lado enfrentar o poder dos grupos de media que vêm na privatização da RTP um problema para os seus negócios com a perda de publicidade, e os lobies dos poderes autárquicos que não querem perder as quintas que tanto trabalham deram a construir. Concentrou os dossiers que claramente lhe permitiam ter PODER. O externo com os media, o interno com a distribuição de lugares.

4 - MR conduziu mal o processo de privatização da RTP, criando uma comissão de análise que foi um barrete como seria de esperar. O modelo que ele pretendia ver concretizado foi anunciado e a comissão mal tinha tomado posse. A Ongoing era um candidato óbvio mas parece que perdeu gáz, surgindo agora capitais angolanos, mais a mais que esta é uma aposta de MR que até lhes criou um "Prós e Contras" especial.

5 - Com os autarcas, processo complicado e mal explicado de resto, o confronto era esperado. A chamada reorganização adminstrativa não mostra virtudes especiais, pois até agora o que é conhecido é uma união de freguesias, coisa pouca quer ao nível do impacto financeiro (quase nulo) quer ao nível da eficaz resposta ás necessidades dos munícipes. Quanto ao mais o prazo das resoluções aproximasse e não expectativas de que a "coisa" venha a ter grandes virtudes.

6 - E a imagem de "Cardeal Richelieu", que ele gosta e que Passos Coelho consente, só era completa e garantia frutos se ainda controlasse as secretas. Pelo menos é o que parece com encontros controversos, com sms disparatados e com emails sem qualidade. Mas o certo é que uma vez mais MR aparece no centro das confusões.

7 - No meio disto tudo MR não percebeu que a frase "se publicares a história eu nunca mais te digo nada e até parece que gostarias de ver coisas tuas na net" (esta frase foi inventada por mim) tem dois tipos de força. Antes e depois de ele ser ministro. Até pode ter sido dita da mesma forma, com a mesma entoação. Só que aquilo que antes poderia ser considerada um piada de "cúmplices" da informação, foi agora visto como uma pressão inaceitável por parte de um ministro. (atenção que a jornalista que a ouviu, Leonete Botelho, não a entendeu como pressão, mas depois a suposta visada é que se encheu de calores).

8 - No meio deste turbilhão MR tem gerido mal a sua imagem, está fragilizado e o cheiro a morte atrai os abutres, além que está comprovado de que tem entrado em contradições quanto a datas e a acontecimentos. E já teve que oferecer a cabeça do seu adjunto. Falta saber quantas mais vão ser. E quais.

9 - A guerra ainda agora começou. E tem várias frentes com um único objectivo: o controle do poder. Mas esta guerra pode criar danos num governo que tem que estar concentrado em governar e em encontrar saídas para um situação muito dificil. Os próximos episódios vão por isso manter os espectadores muito atentos.



1 comentário:

  1. Não existe no regimento da AR a figura de requerimento potestativo que obrigue um governante a apresentar-se de imediato para prestar esclarecimentos? Desde que assinado entre 1/5 e 1/10 dos deputados deve ter força de imposição.

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