terça-feira, maio 29, 2012

Parece, mas não cai...


O ‘El País’ afirma (http://economia.elpais.com/economia/2012/05/29/actualidad/1338284004_743932.html) que um ex-director (o Sr. Izqiuerdo, nem mais) do banco espanhol Bankia ( o tal banco que o contribuinte espanhol é chamado a safar com um cheque de 19 mil milhões de euros) beneficia desde o ano passado de um esquema de indemnizações de partida de cerca de 14 milhões de euros.

É perfeitamente natural que o cidadão espanhol considere o facto escandaloso. Não é possível conquistar a adesão da população a programas de ajustamento ou consolidação fiscal se paralelamente ocorrem situações deste tipo.

Em Portugal acontecem todos os dias escândalos destes sem que tal impressione sobremaneira os apelantes do costume à confiança no futuro. Os crimes prescrevem, as fraudes prolongam-se, o nepotismo consolida-se, mas é sempre mais fácil prender o ladrão de uma posta de bacalhau do que meter na cadeia o várias vezes condenado autarca ou o ministro notoriamente  aldrabão. Aliás, basta ver a qualidade dos responsáveis máximos pelo aparelho judicial para compreender que outra coisa não seria de esperar que este ar fétido e putrefacto em que se move a nossa ‘justiça’: ainda lá anda o Pinto Monteiro (que o Passos dizia ir substituir), mais a inefável Cândida com a tonelada de cosméticos; ainda là anda aquele homezinho de vozinha nervosa que se diz presidente do Supremo Tribunal de Justiça; até os advogados conseguiram pôr à frente da sua Ordem um lacaio socratino que bota discurso sempre que passa na taberna.

Se algum responsável é apanhado com a boca na botija, logo afirma que se trata de uma conspiração, de uma tentativa de assassinato político, e que há-de sair mais forte (ou mais rico, que é o que costuma acontecer) dessa crise.

Tenho a certeza de que o inquérito às PPPs não vai dar em nada, porque na verdade nada mudou. E no preciso momento em que se finje pretender clarificar esses contornos obscuros de negócios privados feitos à custa do dinheiro público, congeminam-se privatizações na mais densa opacidade que permita a mais cínica corrupção.

Neste contexto, os apelos ao investimento estrangeiro só podem querer significar um convite a máfias. No próximo passeio, o Sr. Presidente podia levar uns prospectos de lavandarias com imagens: valem mais que a conversa chocha.

Sem comentários:

Enviar um comentário