O ‘El País’ afirma (http://economia.elpais.com/economia/2012/05/29/actualidad/1338284004_743932.html)
que um ex-director (o Sr. Izqiuerdo, nem mais) do banco espanhol Bankia ( o tal
banco que o contribuinte espanhol é chamado a safar com um cheque de 19 mil
milhões de euros) beneficia desde o ano passado de um esquema de indemnizações
de partida de cerca de 14 milhões de euros.
É perfeitamente natural que o cidadão espanhol
considere o facto escandaloso. Não é possível conquistar a adesão da população
a programas de ajustamento ou consolidação fiscal se paralelamente ocorrem
situações deste tipo.
Em Portugal acontecem todos os dias escândalos
destes sem que tal impressione sobremaneira os apelantes do costume à confiança
no futuro. Os crimes prescrevem, as fraudes prolongam-se, o nepotismo
consolida-se, mas é sempre mais fácil prender o ladrão de uma posta de bacalhau
do que meter na cadeia o várias vezes condenado autarca ou o ministro notoriamente aldrabão. Aliás, basta ver a qualidade dos
responsáveis máximos pelo aparelho judicial para compreender que outra coisa não
seria de esperar que este ar fétido e putrefacto em que se move a nossa ‘justiça’:
ainda lá anda o Pinto Monteiro (que o Passos dizia ir substituir), mais a inefável
Cândida com a tonelada de cosméticos; ainda là anda aquele homezinho de vozinha
nervosa que se diz presidente do Supremo Tribunal de Justiça; até os advogados
conseguiram pôr à frente da sua Ordem um lacaio socratino que bota discurso
sempre que passa na taberna.
Se algum responsável é apanhado com a boca na
botija, logo afirma que se trata de uma conspiração, de uma tentativa de
assassinato político, e que há-de sair mais forte (ou mais rico, que é o que
costuma acontecer) dessa crise.
Tenho a certeza de que o inquérito às PPPs não
vai dar em nada, porque na verdade nada mudou. E no preciso momento em que se
finje pretender clarificar esses contornos obscuros de negócios privados feitos
à custa do dinheiro público, congeminam-se privatizações na mais densa
opacidade que permita a mais cínica corrupção.
Neste contexto, os apelos ao investimento
estrangeiro só podem querer significar um convite a máfias. No próximo passeio,
o Sr. Presidente podia levar uns prospectos de lavandarias com imagens: valem
mais que a conversa chocha.
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