sexta-feira, maio 25, 2012

CAMPO PEQUENO

Pois eu cá gosto muito de corridas de toiros. A pé, a cavalo, com cavaleiros ou com cavaleiras, com pegas de caras ou de cernelha, à antiga portuguesa ou à moderna, gosto de tudo. Admito, naturalmente, que haja quem não goste. Eu também não gosto de boxe, que considero muito mais bárbaro do que a lide de toiros, mas não me ocorre defender a sua proibição.


Faz-me, contudo, certa impressão que o meu amigo Douro, que tanto estimo e aprecio, porventura afectado por alguns preconceitos nórdicos, defenda a sua posição “anti toiros” com o recurso a comparações perfeitamente despropositadas. Equiparar - mesmo que de uma forma remota invocando um longínquo ADN comum -, os feitos de Yague e dos legionários em Badajoz – não vem agora ao caso recordar que não foi só no lado nacionalista que ocorreram estas atrocidades – com um espectáculo em que os intervenientes se vestem com casacas do Século XVIII, punhos de renda e trajes de luces não tem nenhum sentido, lamento dizê-lo. Ainda que os toiros fossem tratados como os desgraçados de Badajoz, o que obviamente não sucede é escusado dizer, toiros e humanos não são a mesma coisa. A circunstância de eu e o Douro gostarmos de um bom bife de lombo não faz com que partilhemos alguma semelhança com um canibal. Uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa.

6 comentários:

  1. Eu bem desconfiava que há um perfume de Génesis nesta ideia (pelos vistos não nórdica, mas mais para o mourisca) de que se os podemos comer, os podemos torturar. Mas o Bernardo tem razão no despropósito da comparação dos cortes de orelhas: há recuerdos e recuerdos.

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  2. Por falar em touradas: e esta barraca do Relvas? se eu fosse a ele suspendia o mandato por 30 dias, renovaveis, até que tudo se esclarecesse...

    Um abraço

    JAC

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  3. Mas não quero fugir à questão:
    Gosto de touradas, e acho que o Relvas se vai safar com o argumento de que nada ficou provado ("a minha palavra contra a dela").
    JAC

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  4. Amigo Douro,
    Assim como eu, o Bernardo, e o JAC, temos origens mais a sul (Moçarabes e tal...). Talvez isso explique alguma coisa.
    Abraço

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  5. O Relvas há-de ser mouro e talvez por isso se safe com duas chicuelinas e um remate à manoleto. E pede orelha,se calhar mesmo duas e rabo. Ou será o inverso e mandam o homem para Badajoz? Não sei que diga ou que pense pois sinto-me infectado por estes ares setentrionais (apesar de que mais moçarabe que eu é difícil, basta ver o nome, ali entre Serpa e Moura). Abraço a todos, assim a modos de uma cernelha bem puxada.
    Entretanto gostaria de mudar de assunto e pegar na deixa bernardina sobre a contabilidade das atrocidades duns e doutros. Isso se o "Inteligente" me deixar.

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  6. Bem... isso não é moçarabe é mesmo mourisco.

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