Já apreciei touradas. Já vibrei com pegas de
caras e aplaudi as de cernelha. Já invejei a maestria dos cavaleiros a
manobrarem as soberbas montadas, rentes aos cornos da besta.
E então se a banda atacava um paso-doble...
Toda essa conversa sobre a tradição, a coragem
e a beleza plástica que lhes estaria associada me parece, hoje, uma treta e um
cobre-culpas. Ser um “costume” não lhe dá alforria; não faltam por aí
brutalidades de vária espécie, cheias de patine e, contudo, tão cruéis como
apenas a estupidez consegue ser.
Não, não sou vegetariano e, como respondia há
dias a um companheiro do blogue, aprecio vinhos finos, mulheres altas e,
acrescento agora, um bom bife de lombo. E calço sapatos de couro. Mas, que
querem? Perdi todo o ‘encanto’ pelas bandarilhas e por aquele machismo simplório
da estocada.
A soldadesca mourisca que, trazida pelo
General Franco e que não conhecia o Génesis, encheu a praça de touros de Badajoz com os ‘rojos’ que ali
massacrou (na maioria camponeses culpados de estarem inscritos num sindicato
rural), também lhes cortava orelhas que depois vendia como recuerdos. Pois, não
é bem a mesma coisa, mas o ADN não é muito diferente, ou será?
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