sexta-feira, fevereiro 10, 2012

QUERES PAZ PREPARA A GUERRA

Não estou nada de acordo com a corrente que acha que não precisamos de Forças Armadas para nada - ainda hoje VPV aludia a isso no Público -, pois não existem ameaças nenhumas e as que eventualmente venham a existir poderão ser resolvidas com o recurso a aliados europeus.
Não pretendo discutir agora o modelo de forças armadas sustentáveis que queremos e podemos ter, nem revelar o meu juízo sobre a forma e o conteúdo dos recentes protestos de alguns militares. O fundamental é que não podemos negligenciar as forças armadas e é determinante que estas sejam disciplinadas, moralizadas, eficazes e discretas. Discutir as Forças Armadas na praça pública, mandando-lhes recados pela televisão não será certamente a forma ideal de gerir o assunto.
O raciocínio pacifista ou economicista assenta, no meu modesto entendimento, em dois erros tremendos.
Em primeiro lugar, o que não falta no mundo de hoje, e a coisa não promete evoluir favoravelmente, são ameaças para as quais necessitamos de defesa própria e suficiente. Talvez não sejamos invadidos, via Almeida, pela Espanha nos próximos dias mas basta ver o Telejornal para se adivinhar que os perigos, individuais ou colectivos enquanto parte do chamado Ocidente, são os mais diversos. Das crises e ajustamentos políticos e económicos que o mundo actualmente sofre não virá propriamente estabilidade, paz, leite e mel (para quem goste).
Quanto mais não seja, mesmo de um ponto de vista estritamente utilitário ao menos sempre seria essencial uma marinha e uma força aérea equipadas e dimensionadas para salvaguarda da ZEE e dos nossos interesses económicos e ambientais estratégicos .
Outro dos enganos é pensar que alguém virá em nossa defesa se for preciso (não querendo nós defender-nos a nós próprios). Não é assim nem nunca foi. Estando os americanos a desinvestir na Europa, não estou a ver nenhum país europeu com o ânimo e a força para verter uma gota de sangue por Portugal em caso de necessidade. Não há coesão e solidariedade europeia em matérias muito mais simples e comezinhas, como é que irá existir em caso de guerra ou de ameaça? As coisas são o que são e não aquilo que gostaríamos que fossem.

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