domingo, fevereiro 19, 2012

Por uma União Europeia democrática


Apesar de europeísta, confesso que o modo como se criou e como tem actuado esta nossa União Europeia abalou algumas das minhas mais sólidas convicções. Não foi só a tentativa, entretanto frustrada, de construção de uma Constituição Europeia à revelia dos Europeus (posteriormente Tratado de Lisboa), nem tão pouco a triste existência de uma infindável máquina burocrática em Bruxelas que condiciona sobremodo a vida dos Europeus quer no campo político, económico, social e cultural como bem reflecte o caso caricato da proibição de colheres de pau nas cozinhas de toda a União decidida em Bruxelas (cá em casa já não se usam!).

A reforçar esta minha triste constatação, assiste-se tal como escrevi há já alguns meses a uma nefasta Germanização da União Europa que não invoca qualquer sentimento anti-germânico, mas reflecte o poder, agora descomplexado, que a Alemanha consegue exercer por meio da sua Chanceler, nossa verdadeira Mutter, no seio da União e o consequente agravamento do défice democrático das instituições europeias.

De facto, assistimos actualmente com particular indiferença à substituição de Governos democraticamente eleitos por outros de tecnocratas, a outrora incómodas (agora nem por isso) declarações de altos responsáveis europeus que, sem pudor, opinam sobre política económica ou política externa de países terceiros e, por fim, a Cimeiras que não são mais do que um Diktat da Chanceler Merkel secundado por um Sarkozy em bicos de pés.

O Parlamento Europeu e sua Comissão são os últimos resquícios de uma certa Democracia que o primado franco-alemão veio, entretanto, secundarizar com a eleição de um obediente Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

A União Europeia tem, actualmente, um grave problema democrático no funcionamento das suas instituições. E este triste facto torna-se ainda mais relevante quando todo o nosso esforço de consolidação orçamental pode tornar-se em vão se não houver da parte da União, uma verdadeira e solidária democracia.

Afinal, uma União exige sempre responsabilidade de cada um dos seus membros, sim. Mas exige igualmente solidariedade que, quando ausente, poderá ditar o fim dessa mesma União.

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