quarta-feira, agosto 31, 2011

Rumo ao pinote




Para reagir a uma catástrofe natural ou a uma calamidade pública, para fazer face a uma agressão externa ou a qualquer outra situação extraordinária e imprevisível que ponha em risco a comunidade, é justo e necessário que os cidadãos contribuam financeiramente na medida das suas possibilidades.

Ora, a bancarrota financeira do país é essencialmente obra de políticas desastrosas decididas por dirigentes incompetentes e corruptos. Mas sendo ela inquestionável, é óbvio que cairá sobre todos, de uma forma ou de outra, o esforço de a resolver, embora segundo parâmetros que têm de ser claramente definidos:

a) A primeira condição de sucesso e de seriedade é a responsabilização civil e criminal dos autores políticos do desastre, ou seja, dos governantes que até hoje impunemente nos trouxeram ao abismo.
b) O segundo princípio a respeitar religiosamente é o de que não se aceita agravamento tributário enquanto não se cumprir do lado da despesa primária uma ainda maior redução.
c) Uma terceira evidência é a de que não basta o imposto ser eficaz para ser justificado. Se socialmente injusto e discriminatório, o imposto é apenas uma violência cobarde que merece repúdio e indignação.

Nos últimos dias assistimos a várias diatribes de “eu taxo mais do que tu” que não anunciam nada de construtivo. A facilidade e a displicência com que se pensa poder esporear a cavalgadura, que é como a classe dirigente olha a massa dos contribuintes, são preocupantes. Cedo ou tarde haverá pinote.

2 comentários:

  1. Não sei se por efeito das férias, ou de um verão que persiste em apresentar-se tímido, mas é realmente arrepiante a criatividade fiscaleira que por aí vai em abundância.
    Nem Cavaco lhe resistiu.
    Nem mesmo o PSD numa coisa acoimada de Universidade de Verão.
    Contra a corrente apenas Assunção Cristas falou em baixar o IMI a quem cultivar terras.

    Do lado da despesa, para já (espero ainda) só anúncios de anúncios adiados.
    Uma vez mais contra a corrente, Assunção Cristas já começou a olhar para certos antros de malfeitores apelidados de empresas públicas.

    Entretanto as projecções ontem apresentadas não mostram qualquer luz ao fundo do túnel, em particular na área do emprego, o que a sociedade poderá não estar disposta a aceitar por tanto tempo.

    Mas já que estamos em onda fiscaleira, em vez de responsabilizar civil ou criminalmente os políticos que têm sistematicamente desbaratado o nosso dinheiro, proponho uma taxa adicicional, mas não excepcional, sobre os seus rendimentos que, de modo simples, se poderia traduzir em fazê-los pagar impostos em dobro.

    Um abraço,
    FRF

    ResponderEliminar
  2. Uma coisa é certa: uma vez mais, quem chega ao governo esquece o que prometeu quando era oposição.
    Acima de € 66 mil/ano não vai ser possível fazer deduções de saúde, educação e da prestação da casa. Tenho bem presente o discurso do "ataque á classe à média", o do que isso significava para o "elevador social", e etc.
    Bem prega Frei Tomás...
    JAC

    ResponderEliminar