segunda-feira, abril 04, 2011

Os novos reis magos



Tudo indica que na próxima Quinta-feira o Banco Central Europeu irá subir a taxa de juro de 1 para 1,25, sob o pretexto que a inflação em Março foi de 2,6% na zona euro, depois de ter sido de 2,4% em Fevereiro. Consta que em Julho o BCE voltará a aumentar a principal taxa directora e que até ao fim do ano novos aumentos ocorrerão.

Se esta medida pode confortar a economia alemã, onde a recuperação tende a criar moderadas tensões inflaccionistas, constitui todavia uma machadada mortal para as economias de outros Estados-membros que, como a portuguesa, enfrentam recessões dolorosas e prolongadas.

Não se trata apenas de encarecer dramaticamente o crédito, com as terríveis consequências que tal implica para as empresas e as famílias, para já nem falar no agravamento suplementar da dívida soberana. Esta medida do BCE provocará igualmente uma subida do euro face ao dólar (esta manhã o euro valia 1,4269 $), diminuindo assim a competitividade das nossas exportações.

Esta esquizofrenia em que se movimenta o sistema monetário europeu é assassina para os países periféricos. De nada vale tentar curar os doentes se ao mesmo tempo lhes retiram o soro. Os entusiastas do Tratado de Lisboa, que entregaram sem dar contas a ninguém os interesses nacionais aos aparatchiks de Bruxelas e de Frankfurt, podem vir agora carpir lágrimas de crocodilo mas não se livrarão da irresponsabilidade de nos terem conduzido a este penhasco. E um "grande obrigadinho" aos figurões da foto, em especial ao há tempos incensado por "tão bem" defender as cores lusas.

É urgente reequacionar o caminho que andamos a trilhar, sob pena de não mais nos levantarmos da fossa.

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