Houve alguma excitação com a notícia da eleição de Portugal para o Conselho de Segurança da ONU. Alguma. Em termos meramente diplomáticos, seria assunto para deitar muitos mais foguetes dos que estouraram.
Mas se essa excitação foi tímida, não o terá sido por acaso.
De facto, seria preciso muito cinismo para nos pedirem que saíssemos para a rua com bandeiras a festejar um sucesso desses quando o país está como está, o governo é o que é e o futuro será o que vai ser. Esperar, neste contexto, regozijo por um assento naquele Conselho de Segurança seria o mesmo que enviarem-nos, encurralados no fundo duma mina, uma televisão para vermos o Portugal-Islândia com a promessa de que daqui a dois anos nos tirariam do buraco.
De qualquer forma, falta ainda conhecer toda a factura com que se conquistaram certos apoios. Já se conhece uma parte: o voto do Ministro Amado a favor das importações sem direitos de 78 artigos pautais de têxteis oriundos do Paquistão. E se a OMC vier a decidir que essa suspenção de direitos tem de ser alargada a outros países (Índia, China, Bangla-Desh, Tailândia, Sri-Lanka, etc.) bem podem as empresas têxteis do norte esperar o pior.
O drama nem sequer advém do facto de que essa dita vitória não nos traz um único emprego. O drama é saber quanto mais desemprego ela nos traz.
Sem comentários:
Enviar um comentário