quinta-feira, outubro 14, 2010

Vitórias de Pirro

Houve alguma excitação com a notícia da eleição de Portugal para o Conselho de Segurança da ONU. Alguma. Em termos meramente diplomáticos, seria assunto para deitar muitos mais foguetes dos que estouraram.

Mas se essa excitação foi tímida, não o terá sido por acaso.
De facto, seria preciso muito cinismo para nos pedirem que saíssemos para a rua com bandeiras a festejar um sucesso desses quando o país está como está, o governo é o que é e o futuro será o que vai ser. Esperar, neste contexto, regozijo por um assento naquele Conselho de Segurança seria o mesmo que enviarem-nos, encurralados no fundo duma mina, uma televisão para vermos o Portugal-Islândia com a promessa de que daqui a dois anos nos tirariam do buraco.

De qualquer forma, falta ainda conhecer toda a factura com que se conquistaram certos apoios. Já se conhece uma parte: o voto do Ministro Amado a favor das importações sem direitos de 78 artigos pautais de têxteis oriundos do Paquistão. E se a OMC vier a decidir que essa suspenção de direitos tem de ser alargada a outros países (Índia, China, Bangla-Desh, Tailândia, Sri-Lanka, etc.) bem podem as empresas têxteis do norte esperar o pior.

O drama nem sequer advém do facto de que essa dita vitória não nos traz um único emprego. O drama é saber quanto mais desemprego ela nos traz.

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