José Sócrates, admito com benevolência que por razões ligadas a qualquer mecanismo psicológico de fuga da realidade insuportável, tem andado permanentemente em campanha eleitoral, inaugurando jardins infantis dia sim, dia não e assumindo-se como paladino da defesa daquilo a que chama estado social e que ninguém (mal ou bem) atacou. José Sócrates vive, portanto, numa dimensão virtual lunática, o que nos irá conduzir ao desastre mais mês menos mês.
Entretanto, na realidade concreta o Estado endivida-se a 5,5% (óptimo investimento para quem acreditar na solvabilidade do devedor) para pagar dívida anterior e a despesa pública sobre 4% (quando todos os outros países europeus sob vigilância reduziram significativamente a despesa). O Estado para além das receitas fiscais cujo valor vai paradoxal e perniciosamente aumentando em tempos de crise ainda vai sacar liquidez à economia real, retirando-a do investimento privado e do sistema bancário, assumindo um encargo que nunca iremos conseguir pagar se não se reduzir drasticamente a despesa pública.
É sobre isto que um Primeiro Ministro minimamente lúcido e responsável, que soubesse o que anda a fazer, deveria falar aos portugueses.
O Presidente da República, por seu turno, para nossa desgraça também anda em campanha eleitoral, mais discreta é certo, passando os dias a reivindicar mais atenção para a agricultura, mais dinheiro para os jovens e mais empregos para o interior. Sobre o problema de fundo da desgovernação, da aritmética das nossas contas públicas e como ultrapassar a fragilidade da economia, nem um murmúrio do Professor de finanças. A “direita católica e contra o casamento gay” talvez constitua uma franja eleitoral marginal, como disse Paulo Rangel neste Sábado ao I, e Cavaco até poderá viver bem sem esses votos (facto que para mim está longe de ser evidente). Todavia, creio que será porventura maior o número dos que esperavam muito mais deste Presidente e que terão reservas em lhe dar novamente o seu voto.
Bem dito
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