quinta-feira, julho 01, 2010

Comprar um balde novo

Muitos portugueses partirão de férias este ano sem se darem conta de que provavelmente será o último ano em que o farão nos moldes habituais.

Há um descalabro que os espera ao regresso: o Governo do "engenheiro" vem paulatinamente construindo esse descalabro político, económico, financeiro e social.

O estado de ruína ética e moral já é conhecido e dir-se-ia que integrado no nosso dia-a-dia, mas temo que uma parte importante dos nossos compatriotas ainda não se tenha verdadeiramente apercebido do lamaçal para que nos arrastaram estes partidos sem alma e sem outro projecto que não seja o da sua sobrevivência às costas da população.

A forma como uns e outros geriram o caso das Scuts, como repousaram à sombra das golden shares, como embarcaram em TGVs ruinosos, ou como querem fechar escolas, para apenas mencionar as experiências mais recentes, demonstra à saciedade não apenas a incompetência mas sobretudo a irresponsabilidade desta classe política.

Neste momento, nenhum banco português consegue financiamento no sistema inter-bancário europeu. O nosso sistema judicial desmoronou-se e os mais altos magistrados perderam toda a respeitabilidade. O ensino produz ou ignorantes ou incapazes, não obstante o esforço e dedicação de milhares de professores que estão cada vez mais desanimados. O futuro do sistema de saúde é negro e a desorganização dificilmente poderia ser maior.

Num tal cenário, pensar que temos alternativas políticas nas pessoas de Passos Coelho ou Paulo Portas, mais o grupo que os circunda, é alimentar a ilusão que ainda nos permite comprar umas novas hawaianas e um novo protector solar, mais o balde e a pá para o miúdo.

Em Setembro, há-de haver um Alegre a falar na pátria, enquanto outros esperarão que de Belém venha um sinal. E contudo, na gaveta onde vamos repor a toalha de praia estará apenas uma tanga para nos proteger do Inverno.

Aproveitemos esta réstea de sol e de mar o melhor que pudermos, mas preparemo-nos para o outro lado da colina, porque ou somos nós a tratar disto ou serão eles a tratar a nossa degenerescência.

5 comentários:

  1. Fiquem sem respiração. Quando comecei a ler o post parecia-me que tinha sido escrito pelo JAC. Afinal, há muito mais a ligar-vos do que a regionalização.
    Parabéns, meu caro Douro. Não tenho alegria nenhuma em dizê-lo mas tens toda a razão.
    BLX

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  2. Eu acho, meu caro douro, que temos também de aproveitar para tirar fotografias. Vão ser documentos com valor histórico, a testemunhar como referes um estilo de vida irrepetível.
    Amanhã vamos a umas sardinhas em Matosinhos. Estás por cá?

    Um abraço do
    JAC

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  3. Estou longe, a dar os últimos cartuchos. JAC, come uma por mim, com espinhas e tudo, mas bem regada. BLX, há muito mais a unir-nos a todos do que a separar-nos. No outro dia, o Diogo, num daqueles encontros raros pois ele anda sempre muito ocupado, dizia-me em provocação para eu não ser separatista. Disse-lhe para dormir descansado nesse lado, mas para se cuidar no outro lado, pois os separatistas são quem menos assim se julga. Um abraço longínquo de um nortenho que está sempre perto.

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  4. :)

    Quanto às sardinhas, vou separar as espinhas. Nisso sou separatista.

    um abraço do
    JAC

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  5. Ao ler o seu post fico cada vez mais convencido que a difícil decisão que tomei para o ano de 2011 é totalmente acertada...vou emigrar para o Brasil. Não foi uma decisão fácil, mas penso que dentro de um ano irei olhar para trás e ter a perfeita consciencia que tomei a decisao correcta.
    A geraçao dos meus avós saiu de cá após a abrilada, nós, geraçao dos 30, temos q partir pela desgraça q os filhos de abril nos deixou...

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