quinta-feira, junho 17, 2010

A crise e os tanguistas


A crise é um raio-x muito eficaz.
Cada chapa revela o vazio que se esconde por detrás das palavras dos responsáveis políticos.

A primeira e óbvia lição da crise, e que já era evidente mesmo antes de qualquer passagem pelo scanner, é a de que não temos Governo: anda lá um "sapatilhas" rodeado de umas baratas tontas, mas nem percebo porque é que os polícias ainda lhes batem a pala.

A dita oposição parlamentar, a começar no PSD do Sr. Coelho, é a sombra de um não-Governo, ou seja, nem sombra é: andam lá umas gravatas com ar de quem se ocupa em alguma coisa, mas até nisso são patéticos. Hoje, ao ler a coluna do Tiago Fernandes, percebi que a proposta deles quanto às portagens das Scuts se resume a dizer às pessoas para irem viver mais perto do seu emprego, que as freguesias deviam estar melhor apetrechadas para explorarem a beldroega e, enfim, que a Regionalização é melhor não. Lindo tango!

O Presidente da República olha desesperado para este deserto, sacudindo a água do capote o melhor que pode e perguntando-se a quem entregar esta choldra. Em seu torno volteiam umas inteligências a sussurrarem que seria melhor um regime presidencialista, desde que não fosse sidonista.

O novo Governador do Banco de Portugal deve estar ainda a ler os tais esboços do seu antecessor e, entretanto, vai-nos dizendo que com aquele ministro das Finanças estamos bem entregues. Por este lado, também ficamos conversados.

Os banqueiros fazem discursos e abusam da brilhantina enquanto suplicam por detrás das cortinas financiamentos para ver se conseguem ir gerindo o estamine que lhes mantém lucros chorudos.

As empresas públicas prosseguem a gestão majestática de um país que julgam pertencer-lhes, destroem (caso da EDP no vale do Sabor) sem vergonha e deixam apodrecer (caso da REFER nas linhas do norte) o que era suposto servir as populações.

Quanto à Europa, é melhor nem falar disso, pois é possível dizer tudo e não ficar nada. Hoje reúnem-se mais uma vez para se ralharem uns aos outros e não tarda nada que o repasto se transforme numa rixa de ciganos (perdoem-me os meus amigos Rom).

Não há nada de bom a esperar desta gente.
A principal conclusão a tirar deste estado de coisas é de que somos agora nós, os cidadãos comuns, quem tem de se chegar à frente e, partindo do concreto e do terreno, estabelecer as suas metas, definir as suas recusas e lutar pelos seus interesses, os interesses da sua Região e de Portugal.

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