terça-feira, maio 11, 2010

Postal de Tóquio (7)


Hakone é uma terreola a 140 km de Tóquio. Famosa pelos seus onsens (hot springs/águas termais), é um dos destinos favoritos dos Japoneses e um dos sítios onde se vai ver o Monte Fuji.
A Agência Meteorológica Japonesa previa sol e temperaturas amenas para esse fim de semana mas assim que lá chegamos, e sobretudo à medida que nos aproximávamos do nosso hotel, o cenário que encontrávamos era ligeiramente diferente do esperado...

Para que a experiência fosse o mais "native" possível, decidimos ficar num ryokan, alojamento tradicional japonês, onde se paga o dobro para se dormir e comer no chão :D
Tinha lido muito sobre ryokans e queria muito experimentar um, mas nada me preparara para o que viveríamos naqueles 3 dias.

Ao contário do que indicava a página da reserva, o recepcionista dizia duas ou três palavras apenas em inglês... o que já não era mau... Conseguimos ainda assim marcar um "private bath" no onsen do hotel, às 10 da noite. O jantar seria servido no quarto às 6 da tarde!!!
O quarto era maior que o meu apartamento (e que os apartamentos da maioria dos japoneses, presumo) e tinha um grande hall com sofás, uma sala de estar que se transformaria em quarto de dormir mais tarde e uma sala de jantar. Tirando a temperatura (semelhante à que se sentia na rua), tudo aquilo nos fazia brilhar os olhos. Estávamos no Japão profundo, no meio de uma montanha, a vários quilómetros da vila. E nevava lá fora...

Enquanto a sala não aquecia, fiz-nos um chá para espantar o frio. Mal nos tínhamos instalado quando nos entra uma velha de quimono e meiinha branca pela casa adentro.
"Konnichiwaaaaa!", dizia a velha sorridente, enquanto largava os quimonos que trazia na mão ao meu lado.
Perguntou se falávamos japonês e murmurou qualquer coisa na sua língua quando eu respondi que não.
Sei hoje que estaria com toda a certeza a dizer "vamos ter um problema porque não vais perceber nada do que eu vou dizer mas eu nem quero saber". E assim foi.

Imediatamente começou a vomitar uma série de palavreado japonês do qual eu percebia um décimo talvez. O João ria que nem um perdido perante o meu ar de desespero e esforço sincero para perceber a velha. E tirava fotografias. A senhora ria com ele e dizia qualquer coisa que deveria significar "não estás mesmo a perceber nada, né?", entre duas gargalhadas.
Percebi que os quimonos eram para mim, para usar quando fosse ao banho. Os do meu "marido" eram outros e por cima ainda deveríamos vestir mais um casaquinho por causa do frio.
Continuou a dar-nos indicações em japonês que a muito custo ia compreendendo. Viria trazer-nos o jantar às 6.00h e o pequeno almoço do dia seguinte às 8.30h, como éramos honeymooners oferecia-nos o vinho mas não o saké, e deixou-nos os números úteis. Disse-me o nome dela e escreveu-o num papel para que não me esquecesse... em kanji!!! Fez umas quantas vénias e partiu para nosso grande alívio.

Joana

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